Um dia após o desgaste provocado pela tentativa de mudança na Secretaria de Governo, emissários de Michel Temer foram acionados para acalmar Antonio Imbassahy (PSDB-BA), titular da pasta. Disseram ao tucano que o anúncio da nomeação de Carlos Marun (PMDB-MS) para sua cadeira, nesta quarta-feira, 22, não passou de uma “trapalhada”.
Imbassahy deixará o cargo em breve, talvez antes mesmo do desembarque oficial do PSDB com o governo. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o Palácio do Planalto procuram uma “saída negociada”. Se não houvesse, na última hora, uma ordem de Temer para segurar Imbassahy, os tucanos ameaçavam votar contra a reforma da Previdência na Câmara.
Embora a tendência do PSDB seja desembarcar da equipe no dia 9 de dezembro – quando o partido fará sua convenção -, os tucanos não querem que Temer dê o primeiro passo para não parecer que estão sendo enxotados. Nesse cenário, as tratativas entre Temer e Aécio são para não aprofundar o confronto entre o PMDB e o PSDB e deixar as “portas abertas” para a campanha de 2018.
O próprio presidente conversou com Imbassahy mais de uma vez, na tentativa de conter o mal-estar criado por notícias sobre a demissão. Na quarta, enquanto circulavam informações sobre sua dispensa, Imbassahy estava na reunião da Executiva do PSDB, defendendo o apoio do partido à reforma da Previdência. Saiu de lá sem esconder o aborrecimento com os rumores e não foi ao almoço oferecido por Temer a governadores, no Palácio da Alvorada.
Em conversas reservadas, auxiliares do presidente afirmavam nesta quinta-feira, 23 que a escolha de Marun havia subido no “telhado”. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articula para que a Secretaria de Governo seja entregue ao ex-ministro Roberto Brant, que foi do PFL e do PSD. O PMDB, porém, quer voltar à articulação política e não abre mão de um peemedebista no lugar de Imbassahy. Já o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), repetiu que seu partido não votará nada de interesse do governo enquanto Imbassahy não for trocado.
Além disso, PMDB e partidos do Centrão aguardam a mudança para negociar a divisão das secretarias ligadas ao Ministério das Cidades, agora nas mãos de Alexandre Baldy. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.