O candidato a vice-presidente Michel Temer (PMDB), da chapa da petista Dilma Rousseff, acusou seu adversário Indio da Costa (DEM) de tentar “reduzir o nível” do debate entre vices promovido hoje pelo Grupo Estado. Do início ao fim do encontro, o vice do tucano José Serra fez críticas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva e tentou ligar o nome de Dilma ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

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“Vez ou outra se tentou reduzir um pouco o nível. Eu não entro no nível da redução do debate. Acho que o debate que interessa ao País é o debate técnico”, disse Temer, ao fim do evento. O deputado federal e presidente da Câmara afirmou ter identificado “acusações de natureza pessoal” contra a Dilma. “Eu registrei que achava um exagero ligar a Dilma ao narcotráfico. Confesso que isso não ajuda o eleitorado.”

Questionado se as acusações de Indio seriam uma reação ao crescimento de Dilma nas últimas pesquisas de intenção de voto, Temer tentou evitar polêmica. “Não sei dizer. Do nosso ângulo, jamais reduziremos o nível da campanha. Sendo possível, nós elevaremos. Creio que tentei fazer isso hoje.” Em tom de ironia, Temer afirmou que fez durante o debate “todos os elogios possíveis ao Indio”. “Ele é uma boa figura”, disse o peemedebista.

Indio da Costa negou ter sido agressivo com o adversário. “É só a verdade. Eu estou aqui para falar a verdade, não para ficar de nhenhenhém.” No entanto, o democrata negou-se a comentar a pesquisa Ibope divulgada na noite de ontem, na qual Dilma tem 43% das intenções de voto, contra 32% de Serra. “Eu não trato de pesquisa, eu ganho na urna”, desconversou.

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Promessas

O vice de Serra continuou a atacar a chapa PT-PMDB mesmo após o fim do debate. Disse que gostaria de ter perguntado a Temer “como caberia no orçamento tanta promessa”. “O atual governo prometeu muito, o Fome Zero, o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Sem acabar o PAC 1, anunciou o PAC 2. E não avançou até hoje. E agora já pensa em terceiras promessas”, disse Indio. “Eles não cumprem o que eles falam. E prometem mais em cima daquilo. É um festival de promessas.”

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Estreante em debates eleitorais, o candidato a vice de Marina Silva (PV), o empresário Guilherme Leal, também filiado ao PV, acabou deixado de lado em meio às discussões entre Temer e Indio da Costa. Porém, considerou a polarização “natural” e o debate “bastante civilizado”. “É natural que isso acontecesse. É uma briga de comadres em que eu não queria entrar”, afirmou ele, sobre o bate-boca entre os vices de Dilma e Serra.

Drogas

Indio criticou com veemência, durante o debate, o tráfico e o uso de drogas, especialmente do crack, que, segundo ele “destrói famílias”. Em entrevista após o encontro, o democrata foi questionado se já havia experimentado alguma droga. Não respondeu. “Olha, vou dizer uma coisa pra vocês, vocês me adoram, hein?”, resumiu-se a dizer, rindo.

Durante o debate, Temer e Indio polemizaram sobre uma declaração do presidente Lula, que sugeriu, no último mês de abril, que as Farc se organizassem em um partido político. Indio comparou a sugestão à possibilidade de o Comando Vermelho ou do Primeiro Comando da Capital (PCC) tornarem-se partidos. “Eu teria muito vergonha, como presidente, de propor ao Comando Vermelho ou ao PCC que virassem partidos políticos.”

Temer retrucou: “Que comparação infeliz. Não há nenhuma relação de uma coisa com outra.” Pouco antes, para tentar aliviar o bate-boca, o peemedebista havia contado sobre a tentativa de criação de um partido de adoradores de cerveja na Rússia, país da vodca. Indio reagiu: “Cervejinha, meu caro amigo Michel Temer, não é cocaína, muito menos crack.”