Durante reunião com alguns líderes da Câmara, nesta terça-feira, 17, Michel Temer teria agido “como se fosse o presidente da Casa”, segundo o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM). Os deputados da base aliada foram convidados a ir ao Palácio do Planalto no mesmo horário em que ocorreria a reunião semanal do colégio de líderes com o presidente interino Waldir Maranhão (PP-MA), que foi adiada para esta quarta, 18. De acordo com o parlamentar, o próprio Temer disse que “se sentia assim (como presidente da Câmara)” e que estava muito “à vontade” relembrando os tempos no comando dos trabalhos legislativos, cargo que exerceu por duas vezes.
Temer teria pedido aos líderes um esforço para que apreciem as quatro medidas provisórias e os três projetos de lei, ainda do governo Dilma Rousseff, que trancam a pauta de votações no plenário. “Foi uma reunião em que o presidente pediu para que pudéssemos votar, na medida do possível, as matérias e mostrar para o País que o governo e a Câmara estão trabalhando, mesmo entendendo que há dificuldades internas na Casa”, declarou o líder do DEM. Pauderney, que já havia estado no Planalto mais cedo, teria manifestado novamente a sua vontade de “buscar uma solução” para afastar Maranhão da presidência interina da Câmara.
“Não podemos continuar com um presidente afastado e com um presidente interino escondido, que não dirige os destinos da Casa, isso é uma acefalia de um poder e não podemos permanecer nessa situação”, disse. Apesar de ter dito na segunda ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, que considerava obstruir as votações, Pauderney afirmou nesta terça que irá colaborar com as votações, mas garante que não participará de nenhuma reunião com Maranhão. Mesmo com a sessão esvaziada, ele pretendia apresentar ainda hoje uma questão de ordem pedindo a declaração da vacância da presidência da Casa. Desta forma, a discussão sobre o cargo de Maranhão se tornaria “secundária”.
Cunha
Pauderney também voltou a criticar a suposta interferência de Cunha nos trabalhos da Casa, principalmente após um de seus aliados, Arthur Lira (PP-AL), ter sido eleito presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO) nesta tarde. O peemedebista também estaria articulando, junto com o “centrão”, para eleger André Moura (PSC-SE), que faz parte de sua “tropa de choque”, como líder do governo. No encontro com Temer, líderes de 13 partidos levaram o nome de Moura para o presidente interino, que deve decidir sobre o assunto até sexta, 20. O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, disse que Temer quer ” governar de mãos dadas ao Congresso”.
Para Pauderney, “a atuação de Cunha poderá ter implicações”. “Entendo que há uma força por trás impulsionando candidaturas que vão levar a presidência da CMO, a eventual liderança do governo, coisa que não acredito que vá acontecer, pessoas que estão ligadas ao presidente afastado. Entendo que há que ter cautela quando se trata dessa questão, mesmo Cunha teria que ter muita cautela nesse momento, porque o STF o afastou”, declarou Pauderney. “Temer terá que ter muita responsabilidade nesse momento para a condução, não só do seu governo, mas também dos trabalhos que nós temos aqui, e não adianta querer dizer que não há conexão.”