Derosso larga o osso!

Temendo protestos, Derosso falta à primeira sessão do semestre na Câmara de Curitiba

A primeira sessão do segundo semestre na Câmara Municipal de Curitiba começou com um grande alvoroço. Por conta das denúncias que pesam contra o presidente do Legislativo municipal, João Cláudio Derosso (PSDB), de beneficiar a sua esposa Claudia Queiroz Guedes em uma licitação de contratos publicitários. Precavido, Derosso nem compareceu na sessão, que foi presidida pelo vereador Sabino Picolo (DEM).

Cerca de 200 manifestantes compareceram à Câmara com cartazes contra o atual presidente do Legislativo, mas foram impedidos de entrar no plenário, sob a alegação de que não havia espaço. Nas cadeiras destinadas ao público em geral dentro do plenário, estavam sentados funcionários comissionados da Prefeitura Municipal de Curitiba, que, segundo a vereadora professora Josete (PT) teriam recebido selo de acesso ao plenário já no prédio de prefeitura, enquanto os manifestantes tinham o acesso negado. “É essa a democracia que existe na Casa do Povo”, esbravejou a vereadora.

O líder da oposição, Algaci Tulio (PMDB), protocolou pedido para que a Mesa da Câmara Municipal pelo menos recebesse uma comissão dos manifestantes. O presidente em exercício, Sabino Picolo, disse que ao final da sessão receberia pelo menos um documento dos manifestantes. O documento foi entregue pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Paraná, Roni Barbosa.

“Pedimos que os vereadores investiguem não só o contrato publicidade em que estão envolvidos a esposa e o sogro do presidente Derosso, mas que investigue todos os contratos da câmara desde que Derosso assumiu a presidência da Casa. Pedimos também o afastamento de Derosso, que não tem mais condições morais de seguir na presidência da Casa, para que as investigações não sofram interferência”, disse.

O clima esquentou quando a segurança da Câmara tomou das mãos de um manifestante uma bandeira da União Nacional dos Estudantes. Houve inicio de conflito entre estudantes e guardas municipais. A sessão foi interrompida e foi chamado reforço da guarda municipal, que agora faz a segurança do plenário.

A sessão foi bastante curta, apenas com um balanço do primeiro semestre feito pelo líder do prefeito, João do Suco (PSDB) e uma mensagem enviada pelo prefeito através do secretário municipal de Planejamento, Carlos Homero Giacomini.

Presidente da comissão de ética da Câmara, o vereador Francisco Garcez (PSDB) disse que a manifestação não influenciará os trabalhos da comissão. “O trabalho da comissão de ética não se deixa envolver por pressões. Garantimos um trabalho transparente e verdadeiro para a sociedade curitibana”. Garcez convocou reunião extraordinária para esta terça-feira, para discutir a forma de trabalho do grupo, avaliar as novas denúncias (emprego de ex-funcionários fantasmas da Assembleia) marcar a data do depoimento do Derosso.

Presente à sessão, o deputado federal Doutor Rosinha (PT), que protocolou as primeiras denúncias contra Derosso, também defendeu o afastamento do presidente da Câmara. “As denúncias tomaram um volume que deixa incompatível a permanência dele como presidente da Câmara. Ele tem de se afastar para não ser acusado de manipular nenhuma informação, influenciar testemunhas ou desviar documentos. Para o bem da transparência e da democracia, deve pedir afastamento”.

Rosinha se disse descrente quanto ao trabalho da comissão de ética. Para ele, a real investigação, bem como as possíveis sanções ao vereador, deverá ocorrer de fora da Câmara. “A comissão de ética, em qualquer parlamento, têm histórico de corporativismo, de arquivar os processos. Por isso, acredito que a investigação mais séria sobre esse caso ocorrerá por parte do Ministério Público”.

O líder do prefeito na Casa, João do Suco (PSDB), disse que não haverá blindagem a Derosso, mas descartou, no momento a abertura de uma CPI para investigar as denúncias. “Estamos fazendo todo o trabalho para investigar essas denúncias. A comissão de ética já está trabalhando, já foram feitos vários pedidos de informação, ninguém está sendo blindado. CPI é necessária quando se precisa de dados que não se dispõe. Como já aprovamos os pedidos de informação e o caso está no comitê de ética, não há necessidade”.

Questionado sobre se, para evitar maior desgaste, não seria aconselhável o afastamento de Derosso da presidência, João do Suco disse que, enquanto não houver provas, só o próprio Derosso poderá decidir sobre um eventual afastamento. “É uma avaliação, por enquanto, individual do presidente. Se essas denúncias se confirmarem, poderemos fazer uma reunião de lideranças para avaliar a sessão”, disse o vereador, que assegurou que o grupo de apoio ao prefeito Luciano Ducci (PSB) ainda não avaliou as consequências políticas do caso Derosso, até então cotado para ser o candidato a vice de Ducci nas eleições municipais do ano que vem.

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