O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Adylson Motta, defendeu mais uma vez o acesso da instituição às contas da hidrelétrica Itaipu Binacional. Segundo ele, desde que foi criada, na década de 70, a empresa nunca sofreu uma fiscalização, já que o acordo constitutivo assinado entre Brasil e Paraguai não prevê auditorias de nenhum dos dois países. "A Itaipu é uma caixa-preta. Não sabemos o que acontece lá dentro", disse. Motta participou ontem de audiência pública da Comissão Mista de Orçamento.
Segundo o presidente do TCU, no início deste ano, ele teve um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que sugeriu a inclusão de dispositivo no acordo que permitisse a fiscalização pelo TCU e pelo seu correlato paraguaio. Motta defendeu também o acesso do TCU ao sigilo bancário e fiscal de pessoas físicas e jurídicas que estejam sob investigação do órgão. O deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) afirmou ontem que é favorável à investigação do TCU em Itaipu, assim como do Ministério Público e da PF. "Queremos uma investigação com profundidade".
No início do ano, quando as supostas denúncias contra Itaipu surgiram, o diretor brasileiro da empresa binacional, Jorge Samek, explicou o motivo pelo qual o TCU não pode fiscalizar a usina. Samek disse que por Itaipu ser binacional, uma fiscalização do TCU poderia ser considerada uma ingerência no Paraguai e, por isso, a empresa sofre auditorias permanentes internas e externas, sendo também fiscalizada pela Eletrobrás.
Castores
O chefe de gabinete do deputado Hauly, Amauri Martins Escudeiro, deve depor hoje em Curitiba, na Superintendência da Polícia Federal (PF), a fim de explicar o motivo de ter trazido a mala de Laércio Pedroso para Brasília. Pedroso foi preso na terça-feira, dia 23, na Operação Castores da PF, que investiga um esquema de fraudes e corrupção que estaria lesando Furnas, Itaipu, Eletrosul e Eletronorte. Pedroso foi preso quando ia embarcar para Brasília,onde iria participar da audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, para prestar esclarecimentos a respeito do suposto caixa dois de Itaipu.
Escudeiro afirmou ontem que encontrou Pedroso casualmente no Aeroporto Afonso Pena, quando retornava a Brasília, e como Pedroso estava com excesso de bagagem, se prontificou a levar uma de suas malas. Escudeiro disse que sabia que Pedroso iria para a audiência pública.
O deputado Hauly afirmou ontem que entrou com um requerimento à PF solicitando cópias dos documentos de Pedroso apreendidos. "O Pedroso era convidado da Câmara para depor na audiência pública. Até onde sabíamos não havia nada que pesasse contra ele", disse Hauly.
