O ministro da Justiça, Tarso Genro, reiterou hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cogita nem autoriza a defesa de qualquer proposta que lhe permita concorrer a um terceiro mandato consecutivo. E aproveitou para alfinetar os adversários tucanos. “Isso seria reformar casuisticamente a Constituição como foi feito aquela vez com Fernando Henrique (Cardoso)”, lembrou ele, ao se referir à alteração da regra que permitiu a reeleição do ex-presidente em 1998. “O presidente Lula não pretende e não acha correto sequer que se discuta isso”, disse Tarso, em Porto Alegre, onde participou da cerimônia de abertura do Seminário de Capacitação da Lei Maria da Penha na sede do Ministério Público (MP) gaúcho.
Tarso não admite que a reforma política proposta ao Congresso, prevendo o financiamento público de campanhas e o voto em listas partidárias, tenha naufragado. Mesmo reconhecendo que a tramitação “entrou em crise”, ele manifestou esperança de ver a matéria entrar em regime de urgência para votação por acordo partidário. “Nesse momento o Executivo não participa das articulações, o Congresso é que tem que olhar o que quer votar e depois prestar contas à sociedade se vai fazer ou não uma reforma política.”
Como pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso considerou “fantasia” a hipótese de o partido desistir de ter a cabeça-de-chapa no Estado para facilitar o apoio do PMDB à candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência. “Aqui o PMDB foi tradicionalmente nosso adversário e, mais do que isso, dá sustentação a um governo (da tucana Yeda Crusius) ao qual nós fazemos oposição”, disse Tarso, dando a entender que acordos nacionais terão de considerar as diferenças regionais dos partidos.