Taniguchi tem a missão de fazer seu sucessor. |
Reabilitado no PFL, o prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, foi incumbido pelo novo comando do partido de encontrar uma fórmula para fazer seu sucessor nas eleições do próximo ano. O único empecilho para que Taniguchi tivesse o controle do processo de escolha do candidato, o deputado estadual Rafael Greca, está devidamente isolado e se preparando para deixar a sigla. O prefeito ganhou a 3.ª vice-presidência do PFL, na convenção realizada há quinze dias, e a incumbência de achar um nome capaz de garantir mais um mandato para o partido na Prefeitura de Curitiba.
Internamente, Taniguchi sinalizou que trabalha em duas frentes. Pode investir em nomes conhecidos – são duas as alternativas – ou construir uma opção de sucessor para fazer a linha do “novo”. O 2.º vice-presidente do partido, ex-deputado federal Luciano Pizzatto, é o único pretendente assumido até agora à disputa pela prefeitura no próximo ano. Mas o prefeito cogita também o lançamento do presidente da Câmara Municipal, João Claudio Derosso, que por enquanto está filiado ao PSDB.
Derosso e outros seis vereadores deixaram o PFL em setembro de 2001, quando Taniguchi ameaçou se filiar ao PSDB. Os vereadores foram para o partido, assim como a mulher e o filho do prefeito, Marina e Gustavo. O prefeito, entretanto, desistiu e continuou no PFL. Uma das missões que recebeu agora é resgatar do PSDB o grupo que tirou do PFL.
É nesse processo que o nome de Derosso passa a ser considerado pelo prefeito que tentou manter um braço no PSDB para tentar influenciar o processo eleitoral no partido. Mas seu vice-prefeito Beto Richa assumiu a direção estadual do PSDB com ordens da direção nacional para mexer nos diretórios municipais visando construir candidaturas genuinamente tucanas para o próximo ano.
O presidente da Câmara garante que não pensa em deixar o PSDB. Disse que já consolidou sua posição no partido. Admite que um convite do prefeito para disputar a sucessão o levaria a repensar o caso, mas avalia que o projeto de candidatura a prefeito também pode ser tentado no PSDB. “Se eu tiver a pretensão de ser candidato posso mostrar isso no PSDB também. É claro que em primeiro está o Beto Richa”, afirmou.
A terceira possibilidade levantada pelo prefeito é começar uma pesquisa qualitativa entre a população para traçar um perfil de candidato com chances de sucesso eleitoral. Levantadas as características, o prefeito pinçaria um nome inexperiente e sem desgaste para encaixar no perfil apontado pelos eleitores e apresentar como novidade na disputa.
Responsabilidade
Combalido pelo desempenho eleitoral no ano passado -a aliança encabeçada pelo PSDB não chegou sequer ao segundo turno da disputa ao governo – o PFL está apostando tudo no prefeito para não perder a principal prefeitura do Estado. Os problemas judiciais e políticos enfrentados pelo prefeito, desencadeados pelas investigações sobre a denúncia de existência de um caixa paralelo na campanha de 2000 – estão sendo minimizados.
“Está comprovado que a denúncia do Caixa 2 foi uma manobra política. O autor da denúncia está trabalhando na Casa Civil do atual governo (ele se refere ao tesoureiro da campanha, Francisco Paladino). Para nós, o Cássio hoje é a maior liderança com mandato do PFL do Paraná. A eleição em Curitiba é vital para o projeto político do PFL. E o processo político em Curitiba passa por ele?, afirmou o 1.º vice-presidente do diretório estadual, deputado Durval Amaral.
Reacomodação já prevê a disputa
O destino do projeto Usinas do Conhecimento, idealizado e implantado pelo ex-governador Jaime Lerner em todo o Estado, será definido na primeira quinzena de maio. Ao assumir, o governador Roberto Requião rompeu o contrato com a ONG Usina, responsável pelo projeto, e cancelou o repasse de verbas para a manutenção das instalações. Na maioria dos municípios elas ainda funcionam, precariamente, tocadas por funcionários das prefeituras.
Da mesma forma, o governo cancelou o convênio com a ONG que mantinha o Parque da Ciência no Parque Castello Branco, em Pinhais, determinando o seu fechamento. Mas este deverá ser reaberto em dois meses. Segundo o diretor da Paraná Educação, Luciano Mewes, o secretário da Educação, Maurício Requião, foi conhecer o projeto e gostou do que viu: “O problema mesmo é a forma de administração que foi entregue a uma ONG”. O Parque da Ciência criado no governo Lerner é um espaço onde estudantes podem interagir com experimentos científicos de maneira lúdica, como nas exposições norte-americanas. Mewes informou que assim que o governo do Estado conseguir recompor a estrutura administrativa do parque ele será reaberto para visitações.
Usinas do Conhecimento
No caso das Usinas do Conhecimento, Mewes pondera que o governo estadual não tinha o menor controle sobre suas contas e atividades: “O governo repassava o dinheiro para uma ONG e não sabia o que era feito com ele. A única participação efetiva do governo era um cargo no conselho da usina, através do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paraná (Fundepar), mas nem o acesso às contas era disponibilizado”.
Segundo o diretor da Paraná Educação, o governo não tem dados sequer sobre a construção dos edifícios que abrigam os centros de pesquisa: “Um levantamento da Fundepar apontou que não se sabe de quem eram os terrenos onde foram construídas as unidades da usina do Conhecimento. Não se sabe se eram do Estado, dos municípios ou de terceiros”.