O ex-diretor do Departamento de Serviços Administrativos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, Ubirajara Amaral Macalão, admitiu à Polícia Federal que havia um esquema de compra irregular e desvio de selos no legislativo gaúcho. A confissão, feita na noite desta quinta-feira (12) sob a perspectiva dos benefícios da delação premiada, deixa funcionários e deputados sob suspeita. O golpe pode ter desviado R$ 2 milhões dos cofres públicos.
Macalão disse que a fraude já existia quando assumiu o cargo de confiança, em março de 2004, e que foi pressionado a mantê-la por assessores parlamentares para não perder o adicional de salário. A correspondência da Assembléia é remetida pelo sistema da máquina franqueadora, que carimba o envelope. Mesmo assim, funcionários da casa retiravam grandes volumes de selos nos Correios. Quando a fatura chegava ao Departamento de Serviços Administrativos era adulterada para que a descrição se limitasse aos serviços da máquina franqueadora e ludibriasse a fiscalização do Tribunal de Contas.
O trabalho da Polícia Federal prossegue. Os próximos passos são descobrir como eram usados os selos, quem se beneficiava do esquema e quem embolsava o dinheiro. Uma hipótese é que as estampas postais seriam revendidas com deságio a grandes usuários e que os lucros seriam divididos entre funcionários, com ou sem conhecimento de alguns deputados. Outra é que seriam usadas por políticos em campanha. O delegado Ildo Gasparetto diz que já tem pistas, mas não torna nada público para não prejudicar as investigações.
