A apuração do segundo turno da eleição para a presidência do diretório estadual do PT em Minas foi suspensa temporariamente hoje. Com 74,4% dos municípios apurados, a contagem foi interrompida pela manhã pela Comissão Estadual de Organização Eleitoral (COE). Segundo a comissão, a suspensão foi motivada pela análise de recursos contra supostas irregularidades durante a votação.
Irritado com o que considerou uma “pressão violenta” para que se declarasse derrotado na disputa, o secretário nacional de comunicação do PT, Gleber Naime – candidato alinhado ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias -, solicitou a intervenção do Diretório Nacional petista no restante da apuração e o envio de uma comissão dirigente, com membros de outros Estados, para o acompanhamento do processo de Minas.
Na última parcial divulgada hoje, o deputado federal Reginaldo Lopes, aliado do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, mantinha a liderança na disputa. O atual presidente do PT-MG tinha 52,22% dos votos válidos (21.148 votos) contra 47,78% (19.351 votos) de Naime. Pouco antes da divulgação dessa parcial, Lopes, acompanhado do ex-prefeito da capital, concedeu uma entrevista coletiva para afirmar que, com base em sua apuração paralela, já se considerava “matematicamente” reeleito.
“Um candidato já se declarou eleito e a apuração não terminou. Eu só reconheço o resultado oficializado pelo partido, pois restam mais de 15 mil votos a serem apurados”, relatou Naime na carta encaminhada à Secretaria de Organização e Coordenação da COE Nacional. No documento ele afirma que “o segundo turno foi marcado em Minas por centenas de ocorrências policiais” e acusa Lopes de não querer dar continuidade à apuração.
O grupo do secretário nacional de Comunicação do PT divulgou para a imprensa uma resposta por e-mail do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, na qual ele afirma que a direção nacional considerou que a Comissão Eleitoral Estadual “deve escrutinar todos os votos postados dentro dos prazos regulamentares, sem o que não será reconhecida a legalidade de qualquer resultado”. O PT nacional também determinou novos prazos para apresentação e julgamento de recursos no segundo turno em Minas.
Até o início da noite, porém, a apuração continuava suspensa. Indicado para falar pelo PT-MG, o secretário estadual de Comunicação do PT, João Bastita Pereira, não atendeu aos telefonemas. “Eu queria só que fosse garantido o direito de ter apuração até o final”, argumentou Naime. Já o presidente estadual do partido minimizou o episódio e disse que continuava com absoluta certeza da vitória.