A decisão do governador Roberto Requião (PMDB) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de deixar para depois as mudanças que farão em suas equipes no novo mandato aumentou a expectativa dos possíveis convocados para assumir um cargo de primeiro escalão dos governos estadual e federal, como também prolongou a ansiedade dos primeiros suplentes para a Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados. O que move os suplentes é a esperança de assumir uma cadeira no lugar deixado por algum futuro novo ministro ou secretário.
Tanto quanto os possíveis convocados para assumir um cargo nos governos estadual ou federal, os suplentes não perdem de vista os movimentos do governador e do presidente na escolha da equipe. No Paraná, um dos mais atentos é o atual deputado federal Dilton Vitorassi (PT), que já é um veterano na condição de suplente que deu certo. Na eleição de 2002, Vitorassi ficou na segunda suplência do seu partido. Deu sorte. Lula chamou dois eleitos para a Câmara Federal para o governo, o atual diretor geral da Usina de Itaipu, Jorge Samek, e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Demorou dois anos para Bernardo assumir, mas Vitorassi conseguiu sua cadeira na Câmara quando o colega foi para o ministério. No intervalo, elegeu-se vice-prefeito de Foz do Iguaçu na chapa do pedetista Paulo MacDonald.
Vitorassi perdeu a vaga para Assis do Couto, |
Desta vez, ele está mais perto de assumir o mandato. Vitorassi ficou como primeiro suplente na Câmara. Por uma diferença de apenas 89 votos, viu sua vaga escapar durante a madrugada do dia 2 de outubro, na apuração do Tribunal Regional Eleitoral. ?Dormi eleito e acordei suplente de novo?, relata o deputado, que perdeu o lugar para o deputado Assis do Couto. E, por ironia do destino, é o próprio Assis do Couto que pode devolver a Vitorassi a sua cadeira na Câmara. Assis do Couto é um dos nomes cotados para receber um convite do governador do Estado para assumir uma secretaria. Pode ser a da Agricultura. Mas a esperança de Vitorassi pode ser também o deputado federal eleito Ângelo Vanhoni, que também tem seu nome na lista de Requião.
Vanhoni foi convidado para assumir a Secretaria da Cultura. Até agora, não aceitou. Mas o caso ainda não está encerrado. A versão nos bastidores é de que o apoio de Vitorassi a Requião no segundo turno da eleição deste ano, na contramão do prefeito de Foz, que apoiou o senador Osmar Dias (PDT), pode fazer com que o governador convoque um deputado federal do PT para o primeiro escalão e libere a vaga para Vitorassi na Câmara. ?Eu aguardo que o Requião convide um quadro do nosso partido na Câmara para o governo. Mas se não chamar, não tem problema. Eu sei que perdi a eleição?, declarou o deputado.
Na fila
Professor Luizão está perto do primeiro mandato na Assembléia. |
Quem também pensa assim é o primeiro suplente do PMDB para a Câmara dos Deputados, Marcelo Almeida. Ex-diretor do Detran, Marcelo deixou o cargo para concorrer a deputado federal, depois de dois mandatos como vereador em Curitiba. Ficou fora da Câmara por uma diferença de 504 votos. Sua primeira chance de assumir o mandato veio com a candidatura do reeleito Osmar Serraglio a ministro do Tribunal de Contas da União. Ninguém torceu mais pela indicação de Serraglio, depois do próprio, do que Marcelo. Mas o deputado peemedebista não conseguiu a vaga e Marcelo voltou à condição de suplente. Agora, a expectativa é de que Lula ou Requião resolva convocar um dos oito deputados federais eleitos pelo PMDB do Paraná para alguma posição em seus governos.
O deputado federal eleito Reinhold Stephanes pode ser chamado para o governo estadual, apostam alguns peemedebistas. Ele foi secretário do Planejamento no primeiro mandato e gostaria de assumir a Secretaria de Saúde. Seria o passaporte de Marcelo para a Câmara. Mas ele diz que está preparado para dar um tempo na carreira política e voltar a trabalhar na empresa da família, a construtora CR Almeida. ?No primeiro mês, depois da eleição, é muito chato porque a gente fica na expectativa. Mas agora já estou em paz. Se viabilizar minha ida para Brasília, vou ficar feliz. Se não der, tudo bem. Porque se alguém errou na campanha, fui eu. Estou num momento de reflexão. Meu pai quer que eu volte para a empresa?, afirmou.
Na boca
Ademir Bier só assume se o TSE cassar Geraldo Cartário. |
Outro que acompanha de perto a escalação de equipe de Requião é o primeiro suplente do PT para a Assembléia Legislativa, professor Luizão. Em 2002, ele ficou como terceiro suplente. Agora, é o primeiro e está bem próximo de tomar posse como deputado estadual, já que é quase certo que Requião chame um dos deputados eleitos do PT para ocupar as duas ou três vagas que estão reservadas ao aliado do segundo turno no próximo mandato.
A indicação do deputado eleito Enio Verri para a Secretaria do Planejamento está sendo costurada e sua ida para o governo abre as portas da Assembléia Legislativa para o professor, que já exerceu dois mandatos de vereador em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. ?Eu tenho a expectativa de assumir, mas vamos ver se dá certo?, disfarçou o primeiro suplente, que tem no presidente estadual do PT, André Vargas, o seu principal advogado junto ao governador para que um deputado estadual seja convidado para o governo.
Mais tranqüilo está o primeiro suplente Ademir Bier, do PMDB. Bier não depende apenas da boa vontade do governador em chamar um deputado estadual para secretário. Ele também pode assumir uma vaga na Assembléia Legislativa se o Tribunal Superior Eleitoral julgar a ação de cassação do mandato do deputado Geraldo Cartário, que mantém a cadeira por meio de liminar na Justiça Eleitoral. Bier sabe esperar. Em 2002, também ficou na suplência e na composição do governo sobrou uma cadeira para ele. Seu mandato durou até março deste ano, quando os deputados secretários voltaram à Assembléia Legislativa para concorrer à reeleição.