A indicação dos senadores Paulo Duque (PMDB-RJ) e João Pedro (PT-AM) para comandar, respectivamente, o Conselho de Ética e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras mostra a estratégia adotada pela base governista e pelo PMDB para impedir que investigações incômodas prosperem no Senado. Duque é suplente do suplente e não tem nenhum plano eleitoral para 2010. Assim está blindado contra qualquer pressão da opinião pública, caso decida esfriar as investigações contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). João Pedro herdou o mandato com a saída de Alfredo Nascimento para o Ministério dos Transportes e também não terá de pedir voto, podendo se alinhar com os interesses do governo na CPI.
Outros 14 senadores estão na mesma condição, de assumir o cargo sem terem sido eleitos. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) aprovou há 15 meses uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduziria o número de parlamentares sem representatividade, mas não teve apoio do governo para ser aprovada em plenário.
Duque ocupa a vaga de Regis Fitchner (PMDB-RJ), suplente do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), que não assumiu a vaga porque foi nomeado chefe da Casa Civil do Estado. Nos seus três anos como parlamentar, se destacou na ala do chamado baixo clero, porque deixou clara sua submissão ao líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Ele não foi localizado ontem.
Já João Pedro acha “equivocada e desrespeitosa” a ideia de que ele vai se limitar a barrar a apuração. “Tenho consciência da posição responsável que assumi, quem me cobra não é o eleitor, é a sociedade”, alega o petista, sem convencer os colegas da oposição.