O advogado e ex-deputado federal José Costa, suplente do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), acusou nesta segunda-feira (24) o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) de envolvimento com organização criminosa que desviou mais de R$ 280 milhões da Assembléia Legislativa do Estado. "Parte do duodécimo que ia para a Assembléia, cerca de dois a três milhões de reais, voltava para corrupção patrocinada pelo Executivo, durante o governo de Ronaldo Lessa. Eu assumo a denúncia e quero que a Polícia Federal apure isso, se é que já não está apurando", declarou Costa.
Segundo o advogado, foi no período do governo de Lessa que o duodécimo da Assembléia pulou de R$ 4,5 milhões para R$ 10 milhões, o que permitiu o início do esquema desbaratado pela Polícia Federal durante a Operação Taturana, que já indiciou 12 dos 27 deputados estaduais de Alagoas, entre eles o presidente do Legislativo, Antônio Albuquerque, e o ex-presidente Celso Luiz. "A Polícia Federal e a Receita dizem que o desvio de recursos do duodécimo aconteceu nos últimos cinco anos, o que coincide com o período em que Ronaldo Lessa renegociou as Letras do Tesouro Estadual, quando recebeu cerca de R$ 500 milhões dos credores dos títulos que endividaram o Estado", justificou.
Costa disse possuir provas de que Lessa receberia parte do dinheiro desviado da Assembléia e que não teme ser processado pelo ex-governador. "Tenho 46 anos de advocacia. Não faria uma afirmação dessa sem consciência. Tenho recebido e-mails de pessoas denunciando Lessa. Pessoas que foram lesadas por ele e que se dispõem a depor na Polícia Federal caso necessário", alegou. Para Costa, seria ume "temeridade" Lessa processá-lo. "Se ele processar, estará dando um tiro no pé, porque vou apresentar todas as provas contra ele", afirmou Costa.
Lessa negou as acusações e disse que pretende interpelar judicialmente José Costa. "Ele é um pau-mandado do Renan Calheiros para querer me atingir. Mas não vai ficar por isso mesmo, vou processá-lo e ele terá que provar na Justiça quem é ladrão: eu ou chefe dele", afirmou Lessa, que preside o PDT em Alagoas. Para Lessa, a denuncia é política e tem interesse eleitoral. O ex-governador disse que o advogado estava calado e só resolveu acusá-lo depois que ele começou a rearticular as esquerdas para as eleições municipais deste ano em Maceió.
Na semana passada, Lessa se encontrou com Heloísa Helena e lançou o nome da ex-senadora à prefeitura de Maceió, numa uma possível composição entre o PDT e PSOL. A articulação em torno de uma candidatura para fazer frente ao prefeito Cícero Almeida (PP) recebeu um golpe por conta da denúncia de Costa, que acusa Lessa de ser "o chefe dos taturanas", como são chamados os parlamentares acusados do desvio de R$ 280 milhões. O PDT distribuiu nota oficial defendendo Lessa.