A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou, nesta terça-feira, a criação das secretarias de Infraestrutura e Logística e de Família e Desenvolvimento Social, propostas pelo governador Beto Richa e que são ocupadas, desde janeiro, por seu irmão, José Richa Filho, e sua mulher, Fernanda Richa, respectivamente.
Apelidadas de supersecretarias as novas pastas acumulam funções de duas ou mais secretarias na estrutura anterior. A pasta de Pepe Richa, por exemplo, unirá as secretarias de Transporte e de Obras Públicas, enquanto a de Fernanda corresponde à nova secretaria da criança e adolescente, somadas às atribuições de promoção social e de cidadania, antes vinculadas as pastas do Trabalho e da Justiça.
Apesar da resistência da oposição ao projeto que, segundo o líder da bancada, Ênio Verri (PT) corresponde ao acúmulo de poder nas mãos de uma única família, apenas os seis deputados petistas presentes na sessão votaram contra o projeto (Elton Welter faltou à sessão). Compsota por 12 deputados, a bancada do PMDB tinha orientação pela abstenção, mas apenas o deputado Nereu Moura seguiu o acordo firmado em reunião na noite de segunda. O líder da bancada, Caíto Quintana, além de Anibelli Neto, Ademir Bier e Artagão Júnior, não participaram da sessão. Sete deputados peemedebistas votaram a favor, inclusive o presidente do partido, Waldyr Pugliesi.
Antes da votação, o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), contestou as informações sobre a concentração de recursos orçamentários nas Secretarias de Infraestrutura e Logística e Família e Desenvolvimento, apontada pelo líder da oposição, Enio Verri (PT). Conforme os números apresentados por Traiano, a nova secretaria de Infraestrutura terá 1,52% da receita, o equivalente a R$ 358 milhões em 2011. Já para a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, será destinado 0,87% ou R$ 204 milhões.
“O deputado Verri foi secretário do Planejamento do governo Requião. Ele deveria conhecer os números. Jamais ele poderia ter falado que 80% do estado ficariam vinculados às duas secretarias. Foi uma informação distorcida”, acusou o líder do governo. Sobre os superpoderes conferidos a dois membros da família do governo, o líder do governo disse que a escolha se justifica por competência.
Traiano estabeleceu uma comparação entre as escolhas de Beto pela família e a da presidente da República, Dilma Rousseff, ao convidar o casal Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações) para o governo. “Se o Paulo Bernardo e a Gleisi são competentes devem merecer a confiança da presidente. Assim como a Fernanda e o Pepe”, afirmou.
O líder do governo também comparou a participação familiar no governo tucano com os laços de parentesco no secretariado do ex-governador Roberto Requião (PMDB). Disse que, ao contrário do irmão do atual senador, Eduardo Requião, o irmão de Beto Richa não constrange o estado.
Os deputados petistas Tadeu Veneri e Luciana Rafagnin rebateram o líder do governo. Veneri disse que a prática de nepotismo é a mesma tanto no governo anterior como no atual. Com a diferença de que agora Traiano e os governistas defendem a prática, que condenavam no governo Requião. “É uma forma retrógrada de fazer política. Antes ou agora, todas essas escolhas têm a marca do nepotismo”, disse Veneri, acrescentado que as indicações são permitidas pela Sumula Vinculante editada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas não deixam de ser um símbolo do atraso na administração pública.
Rafagnin disse que Beto Richa na campanha eleitoral prometeu mudanças e uma nova forma de governar. “Ele prometeu renovação mas a família está sendo levada para dentro do governo. Isso não é renovação”, disse.