O julgamento do caso do tríplex do Guarujá (SP), que envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feito nesta terça-feira, 23, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi exemplar na avaliação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. “O STJ agiu como um tribunal deve agir”, afirmou a jornalistas na capital portuguesa, onde encerra nesta quarta-feira, 24, o workshop que faz parte do VII Fórum Jurídico de Lisboa, evento organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do qual Mendes é sócio.
O ministro lembrou que, na primeira abordagem feita pelo STJ, havia ocorrido o arquivamento do pedido por parte do relator. Uma questão dessa dimensão, segundo ele, precisava ter um julgamento, que não havia ocorrido ainda. “Pela primeira vez tivemos um caso do STJ, isso é digno do tribunal”, reforçou.
Apesar disso, o ministro previu que a decisão de ontem terá reflexos em novas demandas por parte da defesa do ex-presidente. “Acho que haverá certamente outros pedidos de habeas corpus contra esta decisão do STJ, além da questão do trânsito em julgado e tudo o mais que está pendente”, citou em relação ao fato de o processo dever ainda levar um tempo para ser apreciado pelo STF. É possível que em cinco meses Lula possa ter sua pena revertida em prisão domiciliar.
“Temos alguns temas pendentes no Supremo”, recordou Mendes. O ministro lembrou que ele mesmo tem um pedido de vista num caso do ministro Edson Fachin sobre uma eventual anulação do julgamento por suspeição do então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública. Há outro caso que se refere a este que foi julgado no STJ nesta terça que agora deve perder o objeto porque se tratava justamente de uma reclamação pelo não-julgamento pelo STJ.
“Acho que isso acabará por estar prejudicado, vamos avaliar. O HC havia sido impetrado pelo fato de o julgamento ter sido arquivado. Certamente haverá outros casos que chegarão à turma, então temos que aguardar. Certamente desta decisão haverá impugnação à turma e vamos ter que julgar”, considerou.