O deputado estadual Reinhold Stephanes Junior lançou nova provocação à direção estadual do PMDB. Em discurso na tribuna da Assembléia Legislativa, na sessão de ontem, Stephanes Junior disse que o “PMDB velho de guerra” deveria ser enterrado e substituído por um novo partido. “Se ainda não morreu, nós vamos enterrá-lo”, disparou.
Mais tarde, em entrevista a O Estado, disse que a frase foi dita de forma irrefletida, mas que, na prática, defende mesmo uma mudança geral no comando do partido, principalmente em Curitiba. O PMDB, na capital, é conduzido de forma ditatorial por filiados com cargos de confiança no governo, acusou o deputado.
Stephanes acha que o modelo de comando do partido está com os dias contados, na mesma proporção do tempo que resta de mandato ao governador Roberto Requião (PMDB).
De acordo com o deputado estadual, até mesmo as lideranças mais antigas do partido querem oxigenar o partido no Estado. “Há velhos peemedebistas que não concordam com a atual condução do partido”, disse o deputado, que ressalva das suas críticas o atual presidente do PMDB, deputado Waldyr Pugliesi. “Ele é correto e é uma pessoa com quem a gente pode debater. É nota dez”, elogiou.
A oportunidade para mudar o comando do partido será nas convenções estadual e municipal do próximo ano, afirmou Stephanes Junior. Ele disse que pretende participar da disputa.
E afirma que, internamente, ninguém tem dúvida de que vai haver um confronto entre as forças que compõem o partido. “A convenção vai ser uma luta entre os que querem um partido ativo e os que têm cargos comissionados do governo”, afirmou.
Monólogo
O vice-presidente estadual do PMDB, deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), disse que não pretende polemizar com Stephanes Junior. Lembrou que o deputado já é reincidente em afrontar o partido. Recentemente, Stephanes Junior apoiou a reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB) contra a candidatura do peemedebista Carlos Augusto Moreira Junior.
“Ele não conhece a estrutura do partido, os militantes peemedebistas e nem os quadros do interior. Ele vai ficar falando sozinho”, disse o dirigente peemedebista, que também fez a sua provocação: “Eu acho que esse comportamento é típico de escoteiro. Quando o Salamuni (vereador Paulo Salamuni, do PV) estava no PMDB, vivia questionando a cúpula do partido. Agora, é o Junior. Os dois são lobinhos”, ironizou o vice-presidente do PMDB e líder do governo na Assembléia Legislativa.
As posições de Stephanes Junior são encaradas por boa parte da cúpula do partido como “travessuras” do filho do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o representante do PMDB do Paraná no governo Lula. O pai, segundo os peemedebistas, sempre pede para as declarações de Junior serem “relevadas”.
Stephanes Junior disse que resolveu questionar o modelo de direção peemedebista depois de pronunciamentos dos deputados Tadeu Veneri (PT) e de Romanelli.
Veneri defendeu que a fazenda experimental doada pela multinacional Syngenta Seeds ao governo do Estado levasse o nome do trabalhador sem terra, Valmir Mota de Oliveira (conhecido como Keno), morto durante um conflito gerado pela ocupação da Fazenda pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.
Romanelli fez uma crítica às tarifas de pedágio cobradas no Paraná e defendeu as manifestações nas praças. “Quando ouvi aquilo, achei que tinha que defender um partido com menos ranço”, disse Stephanes Junior, referindo-se ao líder do governo e ao deputado do partido aliado.