O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) João Pedro Stedile voltou a criticar hoje a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), a quem acusou de “fascismo” por, em sua visão, criar um “Estado policial”, e fez uma distinção entre a tucana e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Para Stedile, Yeda não tem “base social”, enquanto o governo Serra é “uma construção de classe, uma união da indústria paulista com o setor financeiro e as empresas transnacionais”. Yeda foi “uma invenção de marketing”, declarou, em entrevista após participar de seminário sobre os dez anos do Fórum Social Mundial.
Na segunda-feira, Stedile havia dito, no mesmo evento, que o MST e os movimentos sociais farão campanha contra Serra na disputa presidencial. Ele observou que os movimentos não deverão indicar voto em nenhum candidato, mas citou que os grupos sempre escolhem representantes da esquerda. “No Brasil, vamos torcer para que o Serra não ganhe as eleições porque Serra seria simbolicamente a volta do neoliberalismo clássico”, afirmou, na ocasião.
Hoje, ele rejeitou aplicar o mesmo adjetivo de “fascista” ao governo Serra e disse esperar que o governador de São Paulo tenha “juízo”. “Eu espero que o governo Serra tenha juízo e perceba – ele que já teve um passado de esquerda -, que problema social não se resolve com polícia”, afirmou, após criticar a Operação Laranja, da Polícia Civil, que esta semana prendeu nove pessoas ligadas ao MST.
Stedile também criticou o andamento da reforma agrária, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descumpriu compromissos com o MST e pediu que o governo faça a revisão dos índices de produtividade – que servem para avaliar as propriedades rurais para fins de reforma agrária.
O MST, disse, vê a ocupação de terras como a principal forma de luta em alguns Estados. Em outros, contudo, esta não é mais a principal forma de mobilização, mas as ocupações vão continuar, assegurou, negando mudanças de estratégia nas ações do movimento.