SP: Kassab agora fala em aliança com Serra

Seis dias depois de receber vaias na comemoração dos 32 anos do PT, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), deixou a porta aberta para uma aliança com o ex-governador José Serra (PSDB) ao conversar com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.

Apesar de manter a oferta de apoio ao ex-ministro Fernando Haddad, candidato do PT à sua sucessão, Kassab disse ontem que precisa aguardar as “circunstâncias” políticas e a decisão do tucano para definir seu rumo.

No momento em que a cúpula do PSDB se mobiliza para emplacar a candidatura de Serra, sepultar as prévias e evitar a união entre o PSD e o PT, o prefeito não escondeu que está em compasso de espera. “Todos sabem da minha relação com o ex-governador José Serra, que é pública, transparente. A administração foi iniciada por ele”, insistiu o prefeito.

Na conversa de 50 minutos com Dilma, Kassab afirmou que continua recebendo informações no sentido de que Serra não será candidato porque sua intenção seria a de disputar a Presidência, em 2014. Mesmo assim, ele não garantiu com todas as letras que o tucano não mudará de ideia. Foi por isso que decidiu adotar a cautela.

“As circunstâncias vão mostrar qual é o melhor projeto para a cidade de São Paulo e o processo sucessório na capital ainda está se iniciando”, disse Kassab. “Qualquer que seja a nossa decisão, que sejamos respeitados. O que nós queremos é abraçar o melhor projeto para a cidade, não apenas para o partido”, disse.

A proposta de Kassab – que negocia com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a indicação de um vice para Haddad – dividiu o PT. Pragmático, Lula avalia que uma chapa apresentando o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PSD) como vice seria imbatível. De qualquer forma, como a parceria não está fechada, Lula ainda tenta fisgar o deputado Gabriel Chalita (SP), pré-candidato do PMDB.

Jogo duplo. Questionado sobre as sucessivas conversas com dirigentes do PT e também do PSDB, Kassab negou que esteja fazendo jogo duplo na campanha paulistana. “Todos sabem que não. O próprio PT entende que a nossa gestão é uma gestão do Serra e do Kassab. Isso não impede o PT de ter conosco alianças, onde existem circunstâncias”, afirmou o prefeito, mencionando dobradinhas entre o PT e o PSD em cidades como Salvador e Aracaju.

“Cada circunstância dita a conduta do partido nas eleições municipais”, afirmou. Documento reservado do PT, obtido pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, mostra que os petistas negociam coligações com o PSD de Kassab em 18 municípios com mais de 150 mil eleitores.

Depois de afirmar que o PSD não é “nem de esquerda, nem de direita nem de centro”, o prefeito definiu ontem seu partido como “independente” no Congresso. Dilma chamou Kassab ao Planalto para conversar sobre política, mas, oficialmente, o prefeito disse que o assunto do foi a dívida da Prefeitura com o governo federal, na casa dos R$ 40 bilhões, além da candidatura da cidade para sediar a Expo Mundial em 2020.

O encontro dos dois só foi divulgado pelo Planalto quando Kassab já estava de saída.

“Não tratamos de política. Seria até uma desconsideração com a presidenta. Vim como prefeito, não como líder partidário”, desconversou Kassab, que convidou Dilma para assistir ao desfile das escolas de samba de São Paulo, no Anhembi. Ela, no entanto, passará o Carnaval na Base Naval de Aratu, na Bahia.

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