Em decisão inédita, a Justiça de São Paulo homologou acordo firmado entre o Ministério Público do Estado com o Deutsche Bank, da Alemanha, que se comprometeu a pagar US$ 20 milhões, cerca de R$ 48 milhões, para evitar uma ação judicial.

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Foram movimentados em contas da instituição na Ilha de Jersey valores que, segundo promotores, foram desviados da Prefeitura de São Paulo na gestão de Paulo Maluf (1993-1996), atualmente deputado federal pelo PP. De acordo com o Ministério Público, o dinheiro foi desviado das obras da avenida Água Espraiada e do Túnel Ayrton Senna, na zona sul da cidade de São Paulo.

Creches

O acordo entre a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público – braço do Ministério Público que investiga improbidade -, e o banco alemão, homologado na sexta-feira, 17, prevê que U$S 18 milhões serão transferidos para os cofres públicos do município. A Prefeitura já declarou interesse em investir o dinheiro na construção de creches.

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Além disso, US$ 1,5 milhão serão destinados a os cofres do Estado e US$ 200 mil em favor da 4ª Vara da Fazenda Pública para pagamento de perícias e inspeções judiciais feitas em duas ações de improbidade relacionadas aos desvios nas obras.

Além disso, U$S 300 mil serão depositados em favor do Fundo Estadual de Interesses Difusos de São Paulo, destinado a compensar danos causados no âmbito do Estado.

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No total, US$ 200 milhões do esquema de desvio de recursos da Prefeitura de São Paulo transitaram pelo banco, segundo os promotores paulistas. O Ministério Público sustenta que o Deutsche Bank poderia ser processado judicialmente por negligência por não ter investigado uma quantia tão vultosa.

O pacto define que com o pagamento pelo Deutsche, após 30 dias do trânsito em julgado, o Ministério Público e a Prefeitura não irão propor qualquer ação ou procedimento contra o banco ou quaisquer instituições coligadas ou do mesmo grupo.

O banco alemão se propôs a pagar 20 vezes o que ganhou com as operações da família Maluf em Jersey, ou seja, o banco ganhou U$S 1 milhão e vai pagar US$ 20 milhões de indenização.

Em decisão de 11 páginas, a juíza Maria Gabriella Pavlopoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, destacou que o Conselho Superior do Ministério Público já havia homologado o acordo.

Ficha Limpa

Além do banco, que aceitou ressarcir os cofres públicos, Paulo Maluf foi condenado por improbidade pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O valor que ele, solidariamente com as empreiteiras que realizaram a obra, deverão devolver é calculado em R$ 5 milhões.

Devido a essa condenação, Maluf teve sua candidatura a deputado federal barrada este ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei do Ficha Limpa. Ele recorre da decisão.

O deputado foi um dos dez mais votados no Estado.

Em novembro de 2012, a Justiça de Jersey condenou duas empresas controladas por Maluf e seus familiares pela fraude e ordenou que US$ 32 milhões fossem devolvidos ao Brasil. A maior parte ainda não foi repatriada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.