No auge das manifestações do ano passado, o governo do Estado de São Paulo se viu pressionado a revogar o aumento das passagens de metrô e trens e anunciou que, para compensar, teria que colocar em prática um “pacote de economia”. De acordo com um levantamento preliminar ao qual o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, teve acesso com exclusividade, o Estado economizou R$ 225,5 milhões entre 28 de junho até o fim do ano passado, um montante superior ao total de redução anunciado naquela data, que era de R$ 129 milhões.
Apesar do número positivo, a venda de um helicóptero para uso do governador Geraldo Alckmin, umas das medidas que mais chamaram atenção à época, ainda não conseguiu ser efetivada. Em outubro do ano passado, uma licitação com concorrência internacional não teve nenhum interessado. O valor mínimo para a compra do helicóptero Sikorsky era de R$ 2,21 milhões. Apesar disso, segundo o governo, a economia obtida com a interrupção do uso do helicóptero Sikorsky de junho até o fim de 2013 já foi de R$ 1,34 milhão.
O governo afirmou ainda que conseguiu economizar R$ 1,57 milhão com a redução da frota locada e mais de R$ 15 milhões com alienação de veículos próprios. A redução de gastos em diárias e a diminuição do custeio contribuíram para que o Estado deixasse de gastar, respectivamente, R$ 14,1 milhões e R$ 43 milhões durante o período.
A área na qual o governo estadual conseguiu obter a maior economia foi na renegociação de contratos terceirizados (R$ 59,8 milhões). No setor energético, o Estado de São Paulo deixou de gastar R$ 23,6 milhões com aumento da eficiência energética. De acordo com o levantamento, também foram economizados R$ 30,3 bilhões com a implantação do Programa de Uso Racional da Água e R$ 16,1 milhões com o consumo de energia. O Estado conseguiu ainda reduzir os gastos em contas de telefonia móvel (R$ 1,475 milhão) e fixa (R$ 16,8 milhões). Além disso, apenas em combustível deixou de ser gasto R$ 1,629 milhão.
Procurado pela reportagem, o Tribunal de Contas do Estado afirmou que não poderia atestar as contas nem as economias descritas pelo governo estadual, pois ainda não apreciou os dados de 2013. Por lei, o poder público tem até o dia 31 de março do ano subsequente para apresentar o relatório de contas. Só depois disso, de acordo com o TCE, é que começa a auditoria.
A oposição ao governador, no entanto, rebateu a suposta economia e disse que o governo “não consegue fazer a gestão de recursos”. Segundo o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino, líder do PT na Assembleia Legislativa, “o governo fica falando em redução de despesa e mal consegue executar o orçamento do Estado”. O orçamento estadual no ano passado foi de R$ 173 bilhões. Para este ano, o orçamento deve ficar em torno de R$ 200 bilhões.