O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), entrou nesta quarta-feira, 18, com uma representação na Câmara contra o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) por quebra de decoro parlamentar. O pedido vai ser encaminhado ao Conselho de Ética. No documento, a legenda alega ter identificado o pagamento de R$ 100 mil reais da UTC Engenharia na prestação de contas eleitorais do parlamentar no dia 12 de agosto de 2014.
O recebimento da representação contra Delgado no colegiado significará a suspensão de sua vaga como titular até que a denúncia seja esclarecida. Enquanto isso, ele terá que ser substituído por um suplente de seu bloco na análise do processo contra Cunha.
No requerimento do Solidariedade, há alegação de que o deputado do PSB-MG mentiu na CPI da Petrobras ao questionar Pessoa sobre a sua delação, dizendo que “nem um centavo da sua empresa foi destinada à sua campanha”. O partido alega que houve “omissão intencional de informação declarada ao TSE”, que pode significar “um grave déficit de boa-fé, zelo e probidade no exercício do mandato”.
No final do requerimento de Paulinho, ele pede que seja suspenso o mandato de Delgado e de todas as suas prerrogativas regimentais. Para a suspensão no Conselho de Ética, basta a denúncia.
A representação de Paulinho da Força ocorre menos de uma semana depois de a Procuradoria-Geral da República solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento do processo contra o deputado PSB, acusado de possuir ligação com o esquema de corrupção da Petrobras. Paulinho da Força é um dos principais aliados do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Ele está fazendo uma retaliação às vésperas do seu depoimento achando que vai me reprimir, mas eu vou continuar denunciando ele. A acusação vai dar trabalho, mas não vai inibir meu trabalho”, declarou o deputado do PSB-MG.
Outro lado
Delgado nega ter utilizado o dinheiro da UTC em sua campanha e diz que a quantia não consta em sua prestação de contas “final”. Segundo ele, a doação foi feita ao seu partido, o PSB, e distribuída entre 16 parlamentares da legenda, mas não para ele.
O parlamentar, que ainda não foi notificado da representação, reiterou que a acusação “não procede” e que irá recorrer. “O que vale é a prestação final que eu fiz, que é retificadora e não tem UTC. No final, foi uma doação distribuída para outros candidatos. Essa representação é uma invenção e ‘forçação’ de barra para desvirtuar o depoimento às vésperas da sessão do Conselho de Ética.”
O pedido de arquivamento do processo pela PGR na última semana ocorreu porque os investigadores avaliaram que não havia elementos suficientes para comprovar a citação feita ao deputado na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, que afirmou que o congressista recebeu R$ 150 mil da empresa para blindá-lo na CPI da Petrobras.
O deputado admitiu que foi levado pelo então presidente do partido em Belo Horizonte, João Grossi, à sede da UTC, para pedir doação legal para a sigla. A PGR não encontrou indícios de que o repasse ocorreu em troca de vantagens indevidas.