Sociedade civil de olho na campanha eleitoral

Depois de juízes e da igreja lançarem cartilhas sobre financiamento de campanha e orientação política, agora é a vez dos empresários, por meio da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), publicar o Guia do Voto Responsável. Na avaliação do coordenador geral da Agência de Educação para o Desenvolvimento (AED) e um dos responsáveis pela cartilha da Fiep, Augusto de Franco, a sociedade avançou mais que os partidos políticos e vem buscando uma participação da população mais efetiva não só na hora de votar, mas também no acompanhamento das atividades realizadas pelos eleitos.

Franco aposta que ainda vão surgir outras cartilhas sobre eleições e política, a serem publicas por outras organizações. "Quanto mais questionamentos, mais a população vai se interessar", diz. Anteriormente, a Associação dos Magistrados Brasileiros já havia lançado uma publicação, assim como a Regional Sul da Confederação dos Bispos do Brasil, que editou uma cartilha com sugestões para ser usada em grupos de discussões.

O Guia

Conforme o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, o guia faz parte de uma das ações da Rede de Participação Política, que possui 1200 integrantes em todo Brasil, na maior parte, empresários. "Estamos usando a lógica de rede na distribuição das cartilhas", afirma. Rocha Loures explica que os primeiros dez mil exemplares publicados estão sendo distribuídos para os integrantes da Rede de Participação Política, que deverão os repassar a outras pessoas.

Segundo o presidente da Fiep, o guia traz reflexões sobre ética na política, a maneira de escolher candidatos, e a importância de acompanhar o mandato dos eleitos. "Vivemos um momento que exige um salto qualitativo em termos de participação, o que significa atuar também como agentes políticos. Com a Campanha Voto Responsável estamos prestigiando o processo político", disse.

Rocha Loures afirma que o principal motivo para lançar o guia é o entendimento de que o Brasil só vai voltar a crescer com mudança da qualidade na política. "E isso se consegue com a participação da sociedade. É preciso que haja uma organização para interação permanente com os meios políticos", diz. Um segundo motivo, de acordo com Rocha Loures, seria os escândalos de corrupção ocorridos no Congresso Nacional.

Interesse

Segundo Franco, o desinteresse da população sobre as questões políticas é só aparente. "Na hora de votar, a falta de interesse é dissipada e as pessoas fazem suas escolhas eleitorais", afirma. Franco explica que o suposto desinteresse é reflexo da dificuldade de não encontrarem canais que em possam exercer influência na política.

Ele acredita que há ambiente para o crescimento da participação política, porém não da maneira tradicional, junto a partidos. Para Franco, o desenvolvimento de redes organizadas na sociedade, com a ajuda da internet e blogs, contribui para disseminar informações rapidamente, envolvendo as pessoas na reflexão sobre a participação política e o voto responsável. "Com a formação de redes, você aumenta os canais de participação e possibilita que, além de informação, as pessoas expressem suas opiniões. Essa estratégia é crucial no mundo atualmente", diz.

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