A gigante inglesa do setor petrolífero British Gas (BG Group) encaminhou à Polícia Federal questionamentos sobre as regras de “compliance” e “possíveis repercussões” da Operação Lava Jato envolvendo empresas terceirizadas em contratos do Pré-Sal, na Bacia de Santos. A companhia é uma das principais sócias da Petrobras e se mostrou atenta aos problemas envolvendo seus negócios no Brasil e as empreiteiras denunciadas no maior escândalo de corrupção e propina do País.
“O documento de folhas 18/115 trouxe aos autos questionamentos feitos pela British Gas acerca de regras de compliance e possíveis repercussões junto a Operação Lava Jato envolvendo as empresas SBM, Iesa, Engevix, Integra, Ferrostaal e Schahin, potenciais parceiras da multinacional.”
Os questionamentos foram feitos especificamente sobre o contrato para entrega de oito plataformas chamadas de FPSO (sigla em inglês de Floting Production Storage ande Offloading) para o pré-sal, na bacia de Santos. São espécies de navios de produção, armazenamento e transferência de petróleo e gás natural, com escoamento por navios petroleiros, utilizados em pontos distantes da costa, em alto mar.
“A BG faz parte de dois consórcios (M-S-9 e BM-S-11) juntamente com as subsidiárias da Petrobras, Tupi BV e Guara BV, cujo escopo seria a instalação de oito FPSOs Replicantes junto a locações do Pré-Sal na Bacia de Santos”, informa o delegado Eduardo Mauat, em seus relatório final do inquérito envolvendo a Engevix, nos esquemas já aprofundados na Lava Jato.
“Para tal empreitada a Petrobras anunciou à imprensa a contratação das empresas DM Construtora de Obras/TKK Engenharia, Iesa Óleo e Gás, Tomé Engenharia/Ferrostaal Industrienalagen, Keppel Fels do Brasil, Jurong do Brasil Prestação de Serviços e Mendes Jr. Trading Engenharia/OSX Construção Naval, vindo também a contratar a Engevix-Ecovix Construções Oceânicas para fornecimento dos casos dos FPSOs, seguindo-se diversos aditivos”, acrescenta o documento.
Em 2013, a British anunciou que pretendia investir US$ 15 bilhões no Brasil até 2018, tornando-se o maior aporte de capital da gigante inglesa em países do mundo afora.
A Polícia Federal informou que ainda vai aprofundar as investigações envolvendo o mercado offshores, que engloba os negócios das plataformas do Pré-Sal, os investimentos da área Internacional operados pelo lobista Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano – denunciado nesta segunda-feira, 15 – e também a Transpetro.
Tanto Fernando Baiano como o presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado, são ligados ao PMDB.
“Destacamos que a área de off-shore ainda será objeto de aprofundamento em investigações futuras”, informa a PF no relatório final. No documento, o delegado anexou informação da Petrobrás em relação a valores pagos à Engevix, uma das subcontratadas da parceria do grupo inglês com as duas subsidiárias, informando que quando a soma envolver os negócios de plataforma ele deve subir.
“A Petrobras informou o total de pagamentos feitos à Engevix, os quais totalizaram R$ 1,8 bilhão, acreditando-se tal cifra seja maior, somando-se os contratos consorciados e off-shore”, registra. “Consta ofício da Petrobrás informando que a Transpetro teria pago a Engevix R$ 9 milhões entre 2005 e 2012.”
Em nota, a Engevix informou que os contratos questionados na Operação Lava Jato são da própria empresa. O contrato das plataformas é da Ecovix, empresa que tem como acionistas o Grupo Jackson e um consórcio de cinco empresas do Japão. “Não há contrato da Ecovix nessa investigação da Lava-Jato. A primeira plataforma já foi entregue (P66) e a P67 e a P69 estão caminhando bem”, disse a empreiteira.