O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), sofreu mais uma baixa em seu gabinete em decorrência da sucessão de escândalos que atingem o governo.
Ontem, Rodrigo Diniz Arantes, sobrinho e secretário particular de Arruda, pediu afastamento da função. Ele é apontado como um dos articuladores da suposta tentativa de suborno de uma importante testemunha do chamado “Mensalão do DEM”.
Em nota, Arantes classificou o episódio como uma farsa e disse que decidiu deixar o gabinete do tio “até a completa apuração dos fatos”. “Meu nome foi citado indevida e maldosamente pelo senhor Antônio Bento da Silva numa história fantasiosa e absurda, construída como parte da farsa arquitetada contra o governador José Roberto Arruda”, afirma o texto.
Antônio Bento da Silva, conselheiro do Metrô do DF desde o início do governo Arruda, foi preso em flagrante na última quinta-feira ao entregar R$ 200 mil ao jornalista Edmilson Édson dos Santos, o Sombra, testemunha-chave das investigações sobre o propinoduto no governo.
Em depoimento à PF logo após a prisão, Antônio Bento disse ter sido procurado 20 dias antes por Rodrigo Arantes para que fizesse a proposta a Sombra. Afirmou, ainda, que foi Arantes quem providenciou o dinheiro entregue à testemunha.
Na nota em que comunica seu desligamento do governo, o sobrinho de Arruda nega tudo. Sustenta que foi Antônio Bento quem o procurou, em busca de uma audiência com o governador, que não chegou a ser realizada.
“O senhor Antônio Bento não tratou comigo nenhum outro assunto que não fosse o pedido de audiência, e também não me informou os assuntos que pretendia tratar no encontro”, disse.
Édson Sombra diz que chegou a receber dos supostos emissários de Arruda uma oferta de R$ 3 milhões, em dinheiro vivo e contratos com o governo, para que lançasse dúvidas sobre os vídeos que mostram a distribuição de propina a integrantes do governo e deputados da base aliada.
A negociação teria envolvido três interlocutores. Um deles chegou a entregar ao jornalista um bilhete escrito pelo próprio Arruda. Na versão de Sombra, o manuscrito teria sido usado pelos emissários como uma prova de que Arruda estava pessoalmente empenhado em fechar o acordo.
Saídas em série – Desde que estourou o escândalo de corrupção em seu governo, em novembro passado, Arruda vem perdendo seus auxiliares mais próximos. Os primeiros a cair foram o então secretário da Casa Civil, Geraldo Maciel, e o chefe de gabinete do governador, Fábio Simão, que apareciam nos vídeos da propina.
Rodrigo Arantes, o sobrinho do governador que pediu demissão neste final de semana, aparece no vídeo em que Arruda recebe maços de dinheiro das mãos de Durval Barbosa, pivô do escândalo.
A suposta tentativa de suborno complicou ainda mais a situação jurídica de Arruda, alvo de inquérito criminal no Superior Tribunal de Justiça. Autoridades envolvidas na investigação avaliam que, com o episódio, aumentaram sensivelmente as chances de o tribunal determinar o afastamento do governador.
Hoje, pela manhã, estudantes, representantes de entidades sindicais e militantes do PT, PSOL, PSB e PDT fizeram manifestação em Brasília para pedir a saída do governador. O protesto reuniu cerca de 500 pessoas.
