O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Evangevaldo Moreira dos Santos, pediu demissão dois meses após o Ministério Público de Goiás o denunciar por envolvimento com uma quadrilha que fraudava o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Goiânia.

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A denúncia do MP, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, acelerou o esvaziamento do poder de Evangevaldo Santos, que era remanescente da gestão do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, que em agosto do ano passado pediu demissão após suspeitas de irregularidades, inclusive na Conab.

Na prática, quem vem dando as cartas na Conab nos últimos meses é o diretor financeiro, o advogado gaúcho João Carlos Bona Garcia, que em outubro do ano passado foi nomeado para o cargo pelo ministro Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS). Nesta semana, o ministro afirmou que seu plano de gestão para a Conab não incluía Evangevaldo Santos e que seu candidato para o cargo é Bona Garcia.

Acuado, Evangevaldo Santos divulgou no site da Conab a carta que enviou à presidente Dilma Rousseff pedindo demissão do cargo. Ele argumenta que “diante do cenário que se construiu”, nada mais restou senão pedir o afastamento “em caráter irrevogável e irretratável, de modo a não contribuir para um maior desgaste do governo ou do meu partido”.

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Ele atribui às denúncias “as motivações políticas que antecedem os períodos eleitorais”. O alvo seria o seu padrinho político, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que é líder do governo na Câmara dos Deputados e que concorrerá à prefeitura de Goiânia.

Em 2006, quando presidia a Agência Ambiental de Goiás, ele foi flagrado em conversas telefônicas, grampeadas com autorização judicial, repassando informações sigilosas do concurso da OAB para facilitar a aprovação de um subordinado seu, João José de Carvalho Filho.

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Em janeiro surgiu nova denúncia, feita por Osmar Pires Martins Júnior, ex-secretário de Meio Ambiente de Goiânia e presidente da Agência Goiana de Meio Ambiente até 2006. Martins Júnior denunciou ao Ministério Público goiano que Santos foi portador de uma proposta do deputado Jovair Arantes, que teria pedido R$ 4 milhões mantê-lo no cargo.