Uma “trama” impediu a aprovação da reforma da Previdência, disse nesta quarta-feira, 19, o presidente Michel Temer, em reunião ministerial encerrada no final da manhã no Palácio do Planalto. Ao dizer que a harmonia de sua equipe com as lideranças no Congresso Nacional permitiram a aprovação de uma série de reformas, ele frisou que só a da Previdência não foi aprovada. “Isso só não foi possível porque houve uma urdidura, uma trama de tal natureza que foi depois desvendada, ou seja, os meus detratores, aqueles que urdiram a trama, acabaram presos”, disse.
Temer se referiu à gravação de uma conversa sua com um dos donos do grupo J&F, Joesley Batista, na qual, o executivo disse ter “zerado” pendências com o ex-deputado Eduardo Cunha e que por isso estaria “de bem” com ele. Ao que, aparentemente, o presidente responde: “tem de manter isso, viu?”
Em seu discurso, Temer frisou que essa foi uma trama construída contra ele, e que isso já foi revelado. “O pessoal que entrou com gravadorzinho da feira do Paraguai (centro popular de comércio de eletrônicos em Brasília) acabou preso”, disse. “Procuradores que já trabalhavam para a empresa enquanto estavam na Procuradoria foram denunciados”, acrescentou, referindo-se ao ex-procurador Marcelo Miller, que trabalharia também para o escritório Trench Rossi Watanabe, que na época tinha a J&F entre suas clientes.
“Devo enfatizar o fato que naquela gravação criou-se uma frase falsa, uma frase falsa depois detectada quando se ouviu o áudio”, afirmou o presidente. “Mas certos setores da imprensa pegaram aquilo e tentaram cravar na minha voz, na minha palavra, a frase que não existe.”
Temer reivindicou para si o fato de ter colocado o tema da reforma da Previdência na pauta do País. “O que mais se fala agora é precisamente o momento em que se fará a reforma da Previdência”, comentou. “Ela será feita, não tem a menor dúvida de que isso será feito.”