Caso Previ

Sindicatos acusam Requião de ingerência na Fundação Copel

Os sete sindicatos que compõem o Coletivo Sindical da Copel divulgaram nota ontem, 13, acusando o governador Roberto Requião (PMDB) de tentar interferir na Fundação Copel, ao pedir a demissão do presidente da entidade, Edilson Bertholdo.

Os diretores das entidades se disseram “preocupados” com as declarações do governador, feitas durante a escola de governo da terça-feira passada, 10, em que colocou sob suspeição a atuação de Bertholdo no processo de negociação das ações da Previ, a Caixa de Previdência do Banco do Brasil, nos Terminais da Ponta do Félix, em Antonina.

A Fundação Copel – fundo de pensão dos funcionários da estatal também é sócia nos Terminais, com 20,41% das ações. Requião havia pedido à fundação que exercesse o direito de preferência na compra das ações para que, junto com a Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), adquirisse a parte da Previ.

A entidade não atendeu ao governador. De acordo com ato relevante publicado no site da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a Previ fechou negócio com o grupo Equiplan.

“Os Sindicatos lembram que a Fundação não é um órgão do governo do Estado, mas um fundo de pensão que pertence aos trabalhadores e aposentados da Copel. Assim, como representantes dos copelianos ativos e inativos, repudiamos a ingerência indevida do Palácio das Araucárias na Fundação Copel”, afirma a nota, assinada pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), Sindicato dos Eletricitários de Cascavel (Siemcel), Sindicato dos Eletricitários de Londrina e Região (Sindel), Sindicato dos Eletricitários de Ponta Grossa (Sinel), Sindicato dos Eletricitários de Foz do Iguaçu (Sinefi), Sindicato dos Eletricitários de Cornélio Procópio e Região (Stiecp) e Sindicato dos Eletricitários de Maringá e Região (Steem).

Os sindicalistas compararam Requião ao ministro Edison Lobão, que tem sido criticado por tentar interferir na condução da Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos trabalhadores das Centrais Elétricas de Furnas.” Que fique claro que não aceitamos que, por pressões do governador, se imponham mudanças anuais na direção da Fundação Copel”, afirmou a nota.

Bertholdo pediu afastamento do cargo anteontem, mas o Conselho Deliberativo da fundação ainda não examinou a solicitação. A reunião do Conselho está marcada para a próxima terça-feira, 17, quando seus integrantes poderão aceitar ou rejeitar a demissão do presidente da fundação.

Na nota, os sindicatos citam que cabe à fundação, por meio dos seus conselhos internos, e também à Superintendência de Previdência Complementar e ao Ministério Público, avaliar se houve prejuízos aos associados da Fundação Copel com a decisão de não se habilitar para a compra.

“Qualquer prejuízo que eventualmente tenha sido causado aos participantes da Fundação Copel deve ser analisado por seus órgãos estatutários, os Conselhos Deliberativo e Fiscal, pela Superintendência de Previdência Complementar e pelo Ministério Público. Lembramos que é atribuição do Conselho Deliberativo, colegiado formado por representantes dos trabalhadores e da empresa, tomar decisões na Fundação. Quaisquer tentativas de interferência externa serão repelidas e combatidas por este Coletivo Sindical”, destacaram as entidades que subscreveram a nota.