A presença da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, contribuiu para fortalecer a pré-candidata à sucessão presidencial. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique, pediu a união da esquerda para evitar a derrota como ocorreu no Chile, onde o empresário da direita Sebastián Piñera venceu o candidato do governo, Eduardo Frei. O público no Gigantinho reagiu positivamente, gritando o nome de Dilma. A ministra se levantou da cadeira e acenou para a plateia. Um grupo chegou a adaptar um jingle de campanha de Lula – “Olê, olé, olá, Dilma, Dilma”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que enviará ao Congresso Nacional um projeto que institui uma espécie de CLT das políticas sociais. A proposta também tornará obrigatória a realização das polêmicas conferências realizadas pelo governo. O presidente disse que a ideia é evitar que o seu sucessor não acabe com a política social implantada.
Pecados
Um dos organizadores do Fórum, Oded Grajew, que já assessorou o presidente, avalia que o “grande pecado” do governo Lula foi o fato de não levar à frente a questão da reforma política. Grajew não poupa nem mesmo os grupos que compõem o evento que se intitula como alternativa ao “capitalismo liberal”.
“As organizações sociais não foram suficientemente fortes para promover a reforma política. Como Lula tinha prometido fazer a reforma, talvez elas ficaram acomodadas, na promessa”, diz Grajew. “Não foram sábias para perceber as origens das coisas”, completa. Grajew ressalta que as atenções da chamada esquerda foram diluídas em discussões menos relevantes.
O sociólogo Emir Sader observou que o Lula que volta a Porto Alegre dispõe de números importantes para apresentar, citando como exemplo o aumento do número de empregados com carteira assinada e a recuperação econômica do País depois da crise financeira internacional. “O povo não pagou o preço da crise”, diz. Para o sociólogo, o governo “melhorou” com a saída do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em 2006. “O eixo do governo passou a ser a ministra Dilma.”