Uma sucessão de gestos do governador Roberto Requião e de parte do PSDB acendeu o sinal de alerta no PDT e no PFL, sobre um suposto acordo que, aos poucos, estaria se materializando entre o PMDB e tucanos para a disputa eleitoral do próximo ano para o Palácio Iguaçu.
Um convite, feito durante a semana por Requião ao presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), para apresentar um programa semanal na TV Educativa, complementado por uma previsão de entrevista com o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), que está na agenda da mesma emissora controlada pelo governo do Estado, deixou apreensivos pedetistas, pefelistas e a ala tucana que aposta na pré-candidatura do senador Osmar Dias ao governo.
Em entrevistas recentes, Osmar tem admitido que, sem o apoio tucano ou de outros partidos mais estruturados, sua candidatura será repensada. Ele justificou que não irá levar o PDT a aventuras eleitorais. O fato de o senador estar refém de decisões nacionais, como a manutenção ou não da verticalização das coligações e o lançamento de candidatos a presidente da República pelo seu partido, tem sido citado sistematicamente pelos integrantes do PSDB que demonstram uma inclinação por uma aproximação com Requião.
O presidente da Assembléia Legislativa disse que recusou a oferta de Requião para fazer o programa na TV Educativa. Alegou que não tem tempo para uma nova atividade. A Prefeitura também não confirma a entrevista de Beto Richa para a emissora.
Ao contrário de Brandão, que não exclui o acordo com o PMDB de suas análises, o prefeito de Curitiba tem sido evasivo sobre o tema. Entretanto, as versões que circulam ao seu redor são de que uma composição com o PMDB não seria exatamente um mau negócio. O plano traçado para Beto prevê uma candidatura ao governo em 2010. Um projeto que ganharia impulso se apoiasse Requião agora. Avaliam alguns pedetistas que caso o peemedebista seja reeleito, o prefeito de Curitiba seria o candidato natural à sua reeleição. O que não aconteceria na hipótese de uma vitória do senador Osmar Dias que, certamente, iria trabalhar para a sua própria reeleição.
Para reforçar as vantagens de um acordo entre PMDB e PSDB, seus defensores recorrem às exigências da sucessão presidencial. A exigência de um palanque forte no Paraná para o candidato tucano à cadeira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é parte da tese do presidente da Assembléia Legislativa sobre as possibilidades de um acordo com o PMDB estadual.
Mas as previsões sobre o acordo esbarram num obstáculo considerável: o senador Alvaro Dias. Integrante da executiva nacional do PSDB, Alvaro rejeita qualquer insinuação sobre um palanque conjunto com o PMDB no Paraná e os defensores dessa estratégia não sabem dizer como o senador iria se encaixar nessa configuração eleitoral.
Dia D
Na próxima semana, Osmar terá um encontro no Rio de Janeiro com a direção nacional do partido. Disse que vai exigir uma posição sobre as pré-candidaturas internas dos senadores Cristovam Buarque e Jefferson Peres. Vai alegar que tais projetos atrapalham a eleição do partido nos estados. Depois desse encontro, o senador espera ter um quadro mais claro para apresentar aos prováveis aliados.
