Da ala oposicionista do PMDB, o senador Pedro Simon vê no momento a melhor oportunidade de o seu partido ter uma candidatura para valer à presidência da República em 2006, mas não pode dar essa chance a aventureiros, ainda que viáveis eleitoralmente. Nenhum peemedebista cita nomes, mas o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, preocupa a cúpula do partido.
Todos esses temas foram abordados nos três dias em que Simon esteve em Curitiba como hóspede do governador Roberto Requião, que ontem foi fartamente elogiado e até citado como um possível candidato presidencial pelo senador gaúcho durante uma intervenção na reunião semanal do primeiro escalão do governo, no auditório do Museu Oscar Niemeyer.
Para Simon, a crise política atual é a mais grave da história recente do país. Mais do que o suicídio de Getúlio Vargas, a queda de João Goulart e o impeachment de Fernando Collor. "O Lula se preparou durante 20 anos para ser presidente e do qual a gente não conhecia nada de errado. A corrupção está dentro do governo e o partido do governo está dentro da corrupção", declarou o senador gaúcho. Mas ressalvou que ainda não é o caso de o partido apoiar a tese da derrubada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como gostariam o PFL e o PSDB. "Temos que ter a capacidade para não entrar naquela de achar que a solução é apenas derrubar o Lula. Prefiro o PT como réu do que como vítima. Devemos investigar e ir nas grandes causas", afirmou o senador durante a escolinha.
Para o peemedebista, é preciso descobrir a origem dos recursos que aparecem nessas movimentações financeiras investigadas pelas CPMIs. Membro da CPI dos Correios, Simon disse que está solicitando ao Congresso Nacional a documentação relativa à CPMI do Banestado, que segundo o senador gaúcho foi ocultada pelo relator, José Mentor (PT). De acordo com Simon, este material poderia ajudar a esclarecer a fonte dos recursos sob investigação, já que vários nomes acusados de enviar dólares irregularmente ao exterior não foram revelados e podem estar implicados nas denúncias atuais.
Fragilidades
Sem disputar uma eleição presidencial desde 94, o PMDB que não apóia o governo Lula está apostando num retorno ao cenário eleitoral de 2006. Mas torce o nariz para o populista Garotinho, que ameaça vencer as prévias internas que o presidente nacional do partido, Michel Temer, está organizando para o início do próximo ano. Se for para concorrer, o PMDB não quer repetir o fiasco das duas vezes em que disputou – quando abandonou o ex-deputado Ulysses Guimarães em 89 e depois com o ex-governador Orestes Quércia em 94.
Simon não chegou a lançar Requião como pré-candidato do partido – no seu estado já tem o governador Germano Rigotto em plena preparação para ser o escolhido do partido – mas fez observações que agradaram aos peemedebistas que sonham em ter o governador do Paraná numa disputa de caráter nacional. Na reunião de ontem, o senador gaúcho afirmou que iniciativas de Requião – como a discussão semanal com os integrantes do governo e a Escola de Cinema – mereciam ser apresentadas nacionalmente.