Foto: Beto Barata/Agência Estado |
Pedro Simon registrou candidatura à presidente. Garotinho deve ser o vice. E Michel Temer tenta não perder o controle do partido. continua após a publicidade |
Nem mesmo a pré-candidatura do senador gaúcho Pedro Simon conseguiu arrancar o PMDB do Paraná da posição de observador que o partido adotou no estado, em relação à participação do PMDB na eleição presidencial. Simon registrou sua pré-candidatura à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem, mas não entusiasmou o presidente estadual do partido, Dobrandino da Silva, que ainda hesita em acreditar no sucesso da tese da candidatura própria. "Se der certo, vai ser bom", afirmou o dirigente do PMDB.
Simon inscreveu-se ontem, tendo o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho como candidato a vice-presidente, pouco antes de a executiva nacional do PMDB adiar do dia 11 de junho para o penúltimo dia permitido na legislação eleitoral, 29 de junho, a convenção do partido que, finalmente, irá decidir se o PMDB terá candidato ou apoiará outros partidos na sucessão presidencial. A nova data foi interpretada como uma vitória do grupo aliado ao governo que trabalha contra o lançamento de candidato próprio no partido.
Para Dobrandino, apesar da disposição do senador gaúcho, será muito difícil sua candidatura ser homologada na convenção. "É difícil passar. Os governistas não deixam. Mas se ele chegar até lá, pelo menos, acho que os delegados do Paraná fecham com ele. Eu votaria com prazer", analisou o dirigente estadual do PMDB, que não participou da convenção realizada no início do mês em Brasília, onde os governistas conseguiram jogar a pá de cal sobre a candidatura já agonizante do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Os delegados do Paraná votaram contra a candidatura própria justificando que nem Garotinho e muito menos o ex-presidente Itamar Franco eram nomes densos para a disputa presidencial.
Torcedor
O vice-governador Orlando Pessuti demonstrou um pouco mais de empolgação com a opção da candidatura de Simon. "Ele pode mexer com o PMDB velho de guerra", disse Pessuti, relembrando que, na convenção anterior, Simon foi o único a ser aplaudido após seu discurso.
Mas Pessuti acha que mesmo tendo um histórico diferente de Itamar e Garotinho no partido – o ex-presidente é tido como instável e o ex-governador como aventureiro – Simon não terá facilidades para consolidar sua candidatura. Pessuti disse que o primeiro desafio do senador é vencer a frieza do colegiado peemedebista. "A primeira missão dele é empolgar os convencionais. E isso é difícil porque a ala governista não quer a candidatura", disse o vice-governador.
Além dos peemedebistas que torcem para que o partido não tenha palanque próprio e libere o apoio a Lula, uma boa parte dos governadores do PMDB também trabalha contra a candidatura de Simon. Pessuti avaliou que eles preferem ficar livres para negociar suas alianças partidárias nos estados, o que por conta da regra da verticalização das coligações partidárias ficaria bem mais restrito se o PMDB lançar um candidato à presidência da República.
Nenhum peemedebista se arrisca a dizer se esse é o caso do governador Roberto Requião, que desde a prévia entre o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e Garotinho, não mais se pronunciou sobre o combalido projeto de candidatura própria do PMDB. A tese que orienta a posição do governador é que o partido deveria ter um projeto para o país, antes de um candidato.