O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse anteontem em Curitiba que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), está agindo ?facciosamente? no exercício do cargo e que já deveria ter se afastado há muito tempo. ?Ele tinha que ter a grandeza de entender que a obrigação dele era não botar o Senado contra toda a opinião pública brasileira. A obrigação dele era se afastar, pedir licença. Assim o vice-presidente poderia assumir com mais firmeza, com mais isenção, com mais autenticidade?, disse Simon.
Convidado do governador Roberto Requião (PMDB), o senador participou da abertura do Festival do Paraná de Cinema Brasileiro e Latino, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. No início da semana, Simon foi afastado da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, junto com o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), pela liderança do partido. Os dois estavam votando com a bancada de oposição contra Calheiros.
Simon disse que o presidente do Senado não tem e nunca teve condições para permanecer à frente do Congresso. ?Ele nunca teve. É um cidadão que é processado por falta de decoro parlamentar, e mesmo assim, são quatro processos. Agora, ele fica na presidência, está agindo facciosamente?, atacou.
O senador gaúcho considerou ainda uma ?vergonha? o fato de o PMDB estar no controle da condução do processo contra o presidente do Senado. ?Nunca se viu uma Comissão de Ética assim. Está sendo processado o senador, presidente do Senado. Quem está conduzindo o Senado é o presidente do Senado do PMDB. O relator é do PMDB. O presidente da comissão de ética é do PMDB. Isso é uma vergonha. Na minha tradição ao longo da vida, nunca ditei o relator do mesmo partido do réu?, disse.
Fidelidade
Sobre o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre fidelidade partidária, o senador gaúcho disse que a decisão caberia ao Congresso Nacional. ?Na verdade, aquilo não compete ao Tribunal, compete ao Congresso Nacional. O Tribunal legislou. O Tribunal está para decidir o certo e o errado, mas a lei e a norma quem faz é o Congresso Nacional?, comentou. Entretanto, Simon disse que a decisão do STF dá um basta no troca-troca de partido. ?Como o Congresso nunca fez nada, eles fizeram aquilo que nós não fizemos?, afirmou.