Os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Pedro Simon (PMDB-RS) bateram boca na reunião desta terça-feira (11) da bancada de senadores peemedebistas em que Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) foi escolhido para ser candidato à presidência da Casa. Simon partiu para o ataque logo de saída, ao apresentar oficialmente sua candidatura. "Tenho sido discriminado no PMDB nos últimos dez anos. Recebi um manifesto de apoio com a assinatura de 34 senadores que o partido nem sequer levou em consideração", reclamou.
"Sou discriminado pelo Lula (presidente Luiz Inácio Lula da Silva), pelo líder do partido (senador Valdir Raupp, de Rondônia) e pelo Sarney", afirmou. O senador do Amapá reagiu, cobrando justiça do senador gaúcho, conhecido por ter feito voto de pobreza e ter aderido à Ordem de São Francisco de Assis. "Vossa Excelência é um franciscano, mas procede aqui de maneira diferente. Um franciscano não pode ser injusto", cobrou Sarney.
"Sou franciscano e rezo por Vossa Excelência todo dia", respondeu Simon. "Quando Sarney foi para o governo, pensei que o PMDB estivesse no governo, e não estava", provocou. "Nunca ninguém me ofereceu nada aqui no Senado. Zero!", protestou Simon que foi imediatamente contestado pelo senador Wellington Salgado (MG): "Não é o que eu sei. Me lembro que, quando Renan (Calheiros) foi líder e Sarney presidente do Senado, lhe foi dito que escolhesse o que quisesse, que comissão gostaria de presidir. E o senhor disse que não queria nada.
Simon acusou Sarney de recusar os apelos de Lula para que presidisse o Senado, porque se trata de um mandato-tampão, de apenas um ano. "O que o Sarney quer é se candidatar daqui a um ano para se reeleger e passar quatro anos na presidência do Senado", afirmou Simon. Sarney recomendou a Simon que se tranqüilizasse. "Não serei candidato a nada. Nem daqui a um ano, nem nunca mais na minha vida." Então, Simon saiu-se com uma tirada de bom-humor, encerrando o bate-boca: "Esta é uma boa declaração. Peço que conste em ata".