Integrantes da CPMI dos Correios vão aos Estados Unidos, na última semana deste mês, para tentar ter acesso aos documentos da conta Dusseldorf, do publicitário Duda Mendonça, com a quebra do sigilo bancário. Em depoimento à CPMI, em agosto do ano passado, o publicitário disse que recebeu R$ 10,5 milhões nessa conta do Banco de Boston, em Miami, referente ao pagamento de parte da campanha do PT de 2002. Os documentos com a quebra do sigilo já foram enviados pelas autoridades americanas para o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.
"A CPMI é a única que não teve acesso, até agora, aos documentos. Vamos a Washington e a Nova York como parlamentares para obter esses documentos que são necessários para fazer um cruzamento de informações", afirmou ontem o presidente da CPMI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS). "Queimei todas as etapas institucionais e não podemos ficar sem dar uma resposta sobre essa conta no exterior", completou o petista.
Segundo Delcídio, três parlamentares vão a Washington para conversar com representantes do Departamento de Estado norte-americano. Eles vão pedir ao Departamento de Estado que a Comissão possa compartilhar com a Polícia Federal, o Ministério Público e o Ministério da Justiça os dados sobre a conta Dusseldorf e do Trade Link Bank, offshore que seria um braço do Banco Rural e que alimentou a conta de Duda Mendonça no exterior.
Em Nova York, os integrantes da CPMI vão solicitar os dados com o rastreamento dos depósitos feitos na Dusseldorf, que estão com a promotoria distrital da cidade. Delcídio Amaral disse ainda que a CPMI está analisando outras alternativas para ter acesso aos documentos. "O governo Bush criou várias instituições depois do 11 de setembro e elas são uma alternativa para tentar chegar aos documentos", observou Delcídio Amaral, que não quis dizer quais instituições pretende contatar.
O pedido de quebra de sigilo da conta de Duda Mendonça foi feito em outubro de 2005 pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público ao governo norte-americano. Os documentos foram enviados para o Brasil no fim de novembro, mas as autoridades americanas proibiram o acesso à papelada pelos integrantes da CPI. O governo dos Estados Unidos teme o vazamento dos documentos e, por isso, negou o compartilhamento dos dados da Dusseldorf com a CPMI dos Correios.