Parte da verba de publicidade da Câmara Municipal de Curitiba, no valor de R$ 34 milhões, foi administrada por dois servidores que trabalhavam no gabinete do ex-presidente da Casa, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), que renunciou ao cargo e responde processo por improbidade administrativa. De acordo com documentos levantados pelo jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, contrariando a legislação que proíbe servidores de participarem de qualquer forma de licitação, o casal Antônio Carlos Massinhan e Francelly Villagra assinaram recibos em nome de cinco empresas, que eram subcontratadas da Visão Publicidade e da Oficina de Notícia, responsáveis pelo serviço.
O levantamento restringiu-se a poucos contratos no valor de R$ 116 mil. O Ministério Público e o Tribunal de Contas devem investigar os contratos que envolvem todo o valor destinado a publicidade nos últimos cinco anos. Segundo o jornal, os documentos mostram assinaturas dos servidores em pagamentos às empresas Real Time Produtora, que pertence a filhos do casal; RGM Produções e Eventos, que era da mãe de Francelly; Siroti Vídeo Produções; Halama Produções e PhotoMacro Comércio de Máquinas e Equipamentos Fotográficos. As denúncias são de que algumas empresas estariam apenas emitindo notas fiscais para justificar a retirada dos recursos.
Os acusados não se pronunciaram nesta terça, mas ao jornal curitibano Francely Villagra teria confirmado que assinavam os recibos de outras empresas e pegavam o pagamento destinado a elas, mas os entregavam posteriormente. “Tipo assim, uma gentileza. Uma camaradagem”, disse. Pela denúncia, a empresa Oficina de Notícia, que tem na sociedade a mulher de Derosso, Cláudia Queiróz, chegou a subcontratar a Editora Túnel, que é dos mesmos sócios, para prestar serviços.
Derosso não compareceu à sessão da Câmara desta terça, mas os diretórios estadual e municipal do PSDB marcaram reunião para o dia 7 de maio, quando provavelmente a expulsão do partido deve ser tema dos debates. Além dos favorecimentos em relação à empresa de sua mulher, o vereador é acusado de contratação de funcionários fantasmas e já teve decretada a indisponibilidade de bens no valor de R$ 1,6 milhão.