Mesmo com a decisão da executiva nacional do PT de recomendar o apoio à candidatura do deputado Michel Temer (PMDB) à presidência da Câmara dos Deputados, o deputado federal paranaense Osmar Serraglio (PMDB) disse que o jogo apenas está começando e que mantém a intenção de disputar o cargo. Atual 1.º secretário da Câmara, Serraglio não vê coesão na base aliada do governo Lula (PT) em torno da candidatura de Temer, presidente nacional do PMDB. “Há muita dissidência”, afirmou o deputado paranaense, citando que o PDT, PSB e PCdoB já anunciaram a formação de um bloquinho para lançar um candidato. E o PR estaria preparando o lançamento da candidatura do deputado Milton Monti, de São Paulo.
A condição de dirigente peemedebista e o poder de influenciar na decisão do PMDB sobre as eleições presidenciais de 2010 podem atrapalhar Temer, acredita Serraglio, que vê nesta posição a principal desvantagem do concorrente. “O Michel é presidente de um partido. Ele não vai poder chegar à presidência da Câmara sem dizer de que lado estará em 2010. E se for o Serra, alguém acha que a base vai trabalhar para ele para ele trabalhar para o Serra? Ou para o Aécio?”, avaliou Serraglio.
Ele lembrou que, durante a semana, Temer convidou o governador mineiro, Aécio Neves, para ingressar no PMDB e ser, possivelmente, candidato à sucessão presidencial. Em setembro, Serraglio enviou uma carta aos 94 deputados federais do PMDB lembrando que o partido teria mais chances de emplacar um candidato à presidência da Câmara que fosse atuar com isenção na condução do Legislativo do que um nome comprometido com forças eleitorais.
Serraglio disse que alertou os deputados que não era aconselhável misturar a sucessão presidencial com a disputa ao comando da Câmara. “É melhor alguém que conduza de forma imparcial o Legislativo do que um que está pensando na eleição para presidente. Eu não teria esse poder de influência e, por isso, atuaria de forma diferente”, afirmou.
De longe
Internamente, no PMDB, Serraglio garante que o partido não está fechado com Temer. E que tem “simpatias” à sua candidatura dentro do partido, incluindo alguns deputados do PMDB do Paraná. Há duas semanas, quando o presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, esteve com Temer, em Brasília, o dirigente nacional quis saber se o partido no Paraná iria incentivar a candidatura de Serraglio. Pugliesi disse que o diretório estadual não iria interferir.
A eleição para a direção da Câmara será em fevereiro de 2009. Até lá, tudo pode acontecer, disse o deputado federal paranaense. Ele citou ainda que é preciso saber se o prometido apoio do PT a Temer está vinculado à eleição do senador petista Tião Viana para a presidência do Senado. “E se eles só apoiarem o Temer se for para eleger o Tião para o Senado? Aí já cria uma enorme dificuldade interna”, assinalou.