Ainda sob o fogo cruzado dos críticos do seu relatório na CPMI dos Correios, o deputado Osmar Serraglio (PMDB) está mirando um alvo diferente. Serraglio confirmou ontem, em Curitiba, que está na disputa pela posição de candidato a vice-governador na chapa da reeleição do governador Roberto Requião (PMDB).
O deputado afirmou que, se o PMDB resolver lançar uma chapa pura, ou seja, indicando também o candidato a vice de Requião, ele vai reivindicar a vaga. "Se o PMDB tiver candidato a vice do partido, eu sou candidato", afirmou o deputado, corrigindo em seguida: "Sou candidato a candidato a vice. Vou para a briga pela vaga". Serraglio comentou que está consciente de que antes de qualquer decisão, o partido ainda tem uma etapa a cumprir, que é a costura das alianças. "Não serei obstáculo nenhum a composições políticas que o governador precisar fazer", afirmou.
O deputado federal peemedebista avalia que o desfecho das articulações de alianças no partido dependem da decisão do senador Osmar Dias (PDT), que aguarda uma posição da direção nacional do seu partido a respeito da candidatura a presidente da República, antes de prosseguir com seu projeto de disputar o governo no Paraná. "Dependendo do que o senador Osmar Dias decidir, ou melhor, do que o PDT nacional definir, muda todo o quadro das alianças no estado. Os acordos para a candidatura do Requião serão alterados", afirmou o deputado.
Uma dessas mudanças está na conversa com os tucanos, citou Serraglio. "Se o Osmar for candidato, ele arrasta o PSDB. Se não for, o partido pode rachar e vir apoiar o governador Requião", disse o deputado, que aguarda a hora de apresentar seu projeto de concorrer a vice-governador ao partido, onde a executiva estadual decidiu decretar silêncio em torno do assunto. A direção do partido determinou que o tema da vice-candidatura somente será abordado quando terminarem as negociações sobre as coligações.
Jogo político
Serraglio respondeu às críticas feitas pelo deputado federal Dr. Rosinha (PT), seu colega na comissão, que acusou o relator de dar um "golpe" e "trabalhar para o PSDB e PFL". Serraglio disse que Rosinha não leu o relatório paralelo do PT. Se tivesse conhecimento do teor, Rosinha saberia que vários dos nomes que o acusa de excluir do relatório final, também não constavam da versão petista. "O PT não sabe perder limpamente. O PT queria pizza e eu não fiz. Eu vinha me contendo até agora, mas não vou engolir mais. Se tivéssemos aprovado o relatório paralelo do PT, seria a maior vergonha do Congresso", afirmou o peemedebista.
Ele disse que o deputado petista não disse que ele estava trabalhando para o PT quando deixou de inserir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no seu parecer sobre o mensalão. "Por esse raciocínio do Rosinha, então quando eu não fui para cima do Lula e do filho dele, eu trabalhei para o PT. Eu não responsabilizei o presidente porque acredito que ele avisou o ministro para tomar providências. O que eu sei está no relatório. Eu não escondi nada, ao contrário do relatório paralelo deles", disse.
Entre as omissões citadas por Rosinha está a ausência de dois acusados de envolvimento em irregularidades relacionadas a franquias dos Correios. Os nomes de João Leite Neto e Armando Ferreira da Cunha, ligados à agência franqueada Tamboré (SP), foram retirados do texto pelo relator, disse Rosinha. Serraglio afirmou que retirou os nomes porque foi alertado que o sub-relator, deputado José Eduardo Cardoso (PT), havia direcionado as acusações para seus inimigos políticos em São Paulo, deixando de fora outros suspeitos.
