O deputado federal paranaense Osmar Serraglio (PMDB), primeiro secretário da Câmara dos Deputados, lançou-se oficialmente candidato à presidência da Casa. O anúncio foi feito em um jantar oferecido, na última terça-feira, pelo deputado federal Marcelo Almeida (PMDB-PR) à bancada do Paraná, em Brasília, e confirmado ontem pelo próprio deputado, que disse estar iniciando a articulação. Os 513 deputados começaram a receber, ontem mesmo, carta de Serraglio apresentando-se como candidato.
O jantar oferecido por Almeida contou com as presenças de 17 deputados federais do Paraná e foi oferecido apenas como uma confraternização de fim de ano, mas, após o anfitrião agradecer a presença e destacar a necessidade de união da bancada paranaense, Serraglio pediu a palavra e discursou como candidato.
Membro do maior partido da Casa e integrante da base do governo Lula, a candidatura de Serraglio seria, até natural, não fosse o fato de o deputado ter lançado seu nome após o próprio PMDB ter anunciado a aclamação do presidente do partido, deputado Michel Temer (PMDB-SP), como candidato.
O deputado paranaense lança-se acreditando que o exercício da presidência da Câmara e do maior partido do País, ao mesmo tempo, é impraticável. “Não estou me candidatando para criar um racha no partido, estou querendo salvar, unir a base, numa candidatura com densidade e plausível”, disse.
O parlamentar paranaense aponta que as ligações políticas de Temer como presidente do partido podem ser prejudiciais à Câmara. “Ele é presidente do maior partido da base, está com o Lula toda semana, mas em São Paulo, seu Estado, fechou com o DEM e o PSDB. Em que palanque ele estará em 2010? No do Serra (José – PSDB, pré-candidato tucano à Presdiência)? Será que a bancada do governo vai com ele nessa situação?”, questionou.
“E se o PT exigir um compromisso fechado para apoiá-lo, a oposição votaria nele?”, acrescentou. “Eu sou do maior partido, trabalharei pela Casa, sem direcionar para um ou outro candidato em 2010”, concluiu.
Para Serraglio, a candidatura de Temer, anunciada no início de outubro, “só enfraqueceu até agora. Na época, ele anunciou aclamação de 92 dos 94 deputados do partido. Hoje diz ter o apoio de 75. Essa aclamação é uma fantasia”, comentou.
Para Serraglio a prova do enfraquecimento do nome de Temer é o surgimento de novas candidaturas. Além do paranaense, anunciaram que pretendem disputar a presidência da Câmara os deputados Ciro Nogueira (PP-PI), Odacir Zonta (PP-SC) e Milton Monti (PR-SP).
“Todos de partidos da base, que deveriam estar unidos, mas estão vendo a possibilidade de enfrentá-lo. Há ainda o bloquinho do Aldo Rebelo (PCdoB), que não vai com o Temer, que já foi contra ele (Aldo) por duas vezes”, lembrou.
Serraglio disse acreditar que Temer abrirá mão da candidatura, mas se preciso, lança-se como candidato independente. “Numa situação limite, vou para a disputa. Já fiz isso antes e ganhei do líder do partido na disputa para primeiro secretário”, afirmou.