O candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, disse ontem, em Londrina, que não está fazendo campanha para os religiosos, mas que, se receber o apoio dessa grande faixa do eleitorado brasileiro, “gosta e agradece”.
O candidato esteve no norte do Estado, em sua primeira visita ao Paraná nesta campanha de segundo turno, visando a votação do próximo dia 31. “Estou buscando o apoio de todos os brasileiros, até dos religiosos. Sou religioso, mas meu programa não é só para essa parcela da população, é para governar o Brasil, para cuidar de todos os brasileiros. Mas quem quiser votar em mim, não só aceito como gosto”, declarou, ao ser questionado sobre se seu crescimento nas pesquisas se devia à intenção de voto dos religiosos após a exploração de questões como a do aborto e a união civil de homossexuais na campanha presidencial.
Enquanto Serra dava essa declaração, a campanha do tucano distribuía, em São Paulo, santinhos com mensagens religiosas. Assinado pelo candidato e contendo, ainda o slogan: “Serra é do bem”, o material distribuído pelos cabos eleitorais tucanos trazia, a frase: “Jesus é a verdade e a justiça”.
Já sobre o tema que o PT tenta explorar na campanha: a questão das privatizações, Serra disse se tratar de um assunto “que não é relevante”. A campanha de Dilma tenta colar em Serra a imagem de privatista, lembrando da participação do tucano no governo Fernando Henrique, marcado pelas privatizações.
“Chega na hora da eleição, o PT inventa um monte de coisa para ganhar voto. Nem tem mais privatização. O PT que é privatizante, diminuiu a participação do Estado no Banco do Brasil, vendeu bancos, e, agora, colocam factóide e criam tema que não é relevante”, disse.
Apesar de estar crescendo nas intenções de voto, o candidato manteve a postura de não comentar pesquisas. “Pesquisa é a paixão de todo jornalista, mas eu, como candidato não falo de pesquisa, senão, fica uma loucura, cada dia um número novo”, disse.
Serra criticou, ainda, a atual carga tributária do País e prometeu reduzi-la, enquanto, segundo ele, sua adversária, Dilma Rousseff (PT) defende o sistema de impostos atual.
“A candidata Dilma acha boa nossa carga tributária, eu acho exagerada. O mais justo seria a arrecadação crescer abaixo do que cresce a economia. Além disso, os investimentos ficam todos comprometidos”, disse.
Serra chegou a Londrina, atrasado, por volta das 17h, saiu para uma caminhada no Calçadão, mas teve de interromper por conta da chuva. O tucano reuniu-se com um grupo de professores em um hotel no centro da cidade, onde concedeu entrevista e recebeu uma “Carta Compromisso pela Garantia do Direito à Educação de Qualidade”, entregue por 26 entidades ligadas à educação.
“Sou professor de formação, dei aula durante muito tempo e respeito muito a profissão, porque sei que a Educação é a base para a construção de um Brasil melhor para todos”, disse Serra. À noite Serra encontrou cerca de 1.500 lideranças políticas regionais no comitê central do PSDB em Londrina.