Serra participa de demolição em obra sem projeto pronto

De saída do governo de São Paulo e em uma corrida para entregar as obras iniciadas em sua gestão, o presidenciável José Serra (PSDB) participou hoje da demolição de imóveis da região central da capital paulista. O terreno dará lugar ao Complexo Cultural Teatro da Dança, a ser entregue em 2013. No comando de uma máquina de demolição – enfeitada com um enorme adesivo amarelo do Governo de São Paulo -, Serra derrubou um muro de concreto. “É gostoso”, disse do alto da máquina. “Derrubar prédios é uma terapia.”

Neste mês, Serra inaugurou a maquete de uma ponte em Santos, a pedra fundamental virtual de uma escola técnica estadual na capital paulista e, agora, organizou um evento para assinar a autorização para início de uma demolição. “Estamos no começo do começo da obra, mas logo estaremos no fim do começo”, disse o tucano. Operários da empresa contratada para o serviço posaram para fotos com o governador e foram saudados ao microfone por Serra.

A demolição levará cinco meses. O projeto deve estar pronto para licitação até dezembro. Resolvida a licitação, o teatro ainda levará três anos para ser entregue. Mesmo assim, a cerimônia de hoje teve apresentação de música e dança no piso de chão batido e discursos do secretário da Cultura, João Sayad, e do governador. “Só faltou uma taça de champanhe para brindarmos”, disse Sayad.

Serra falou em tom de despedida. Usou verbos no passado e citou realizações e cifras de seu governo, em um discurso de 18 minutos. “É muita coisa. Fico muito satisfeito por ter participado dessa tremenda expansão na área cultural”, disse o tucano. Questionado sobre o que faria em seus últimos dias de governo, no entanto, Serra preferiu não responder. “Não vou falar. Fica muito melancólico.”

O governador tem até 3 de abril para deixar o cargo e concorrer nas eleições desde ano. Até agora, porém, não confirmou quando passará o Estado para as mãos de seu vice, Alberto Goldman. Perguntado sobre o dia em que deixará o governo, Serra riu da insistência dos repórteres. “Vocês vão enjoar de mim. Nós vamos ter de suplicar para vocês virem me cobrir no futuro. Vai ter um tempo enorme para isso.”

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