O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, considerou hoje “irrelevante” a informação de que uma sócia da gráfica que imprimiu panfletos anti-Dilma Rousseff é ligada a um integrante da sua campanha. Serra afirmou que o panfleto foi encomendado pela Diocese de Guarulhos por meio de uma transação comercial “completamente lícita”. “O fato da gráfica ser ou não ser de alguém que trabalha na campanha é inteiramente irrelevante”, disse o tucano, em evento promovido na capital paulista pela Associação Médica Brasileira para comemorar o Dia do Médico, celebrado hoje.
A gráfica Pana Editora Ltda, localizada no Cambuci, imprimiu 1,1 milhão de panfletos apreendidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por se tratar de propaganda eleitoral irregular. Arlety Satiko Kobayashi detém 50% dos ativos da empresa e é irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de Serra, Sérgio Kobayashi. Arlety é também filiada ao PSDB desde 1991, segundo dados do TSE, e funcionária da Assembleia Legislativa paulista.
Serra negou conhecer o conteúdo do panfleto e alegou que a despesa ocorreu por conta da Diocese de Guarulhos. O material teria sido encomendado por um assessor do bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini. “A diocese tem pleno direito de se manifestar sobre questões que considera relevantes do ponto de vista da religião”, afirmou. “Isso não tem nada a ver com a campanha”. Serra justificou ainda que entre as igrejas existem mobilizações semelhantes favoráveis à candidata do PT.
“A gráfica é um negócio particular e a diocese tem o direito de fazer (os panfletos). Ou vamos combater agora a liberdade religiosa?”, indagou. De acordo com o candidato, todos são livres para se manifestar. Perguntado, Serra considerou uma tentativa de procurar “pelo em casca de ovo” a iniciativa do PT de ingressar no TSE com pedido de investigação sobre a impressão dos panfletos. “O PT tem muita coisa errada, muitos esquemas em nível de governo, de irregularidades”, afirmou. “O que eles (os petistas) querem é fazer a nivelação”.
De acordo com o candidato, o fato de o PT ter entrado na Justiça Eleitoral é uma tentativa de se criar um factoide. “Para que vocês repercutam depois”, afirmou, referindo-se aos jornalistas. O tucano disse não acreditar que o episódio possa prejudicá-lo nas urnas.
Saúde
No evento da Associação Médica Brasileira, o candidato defendeu o papel dos profissionais do setor no enfrentamento de questões envolvendo a saúde dos brasileiros e alegou que, quando ministro, fez uma administração acima de partidos.
Serra avaliou que houve retrocesso nas questões de saúde nos últimos anos e, ao final do encontro, pediu para que os médicos consigam pelo menos mais cinco votos para sua candidatura. “Mas de gente que não ia votar em mim”, ressaltou. Ele solicitou ainda que os profissionais exerçam sua liberdade civil de pedir voto por e-mail, inclusive para pacientes.