Serra nega tentativa de atrair PMDB paranaense para sucessão

Convidado do governador Roberto Requião (PMDB) para o encerramento ontem, do Seminário Crise, Rumos e Verdades, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que o Brasil precisa estar pronto para enfrentar a crise econômica internacional, não apenas neste momento, como também ter um plano com medidas a longo prazo para se proteger dos seus efeitos.

Serra disse que a economia mundial mudou e que o Brasil precisa se adaptar aos novos tempos. E terminou defendendo a redução das taxa de juros. “Se não abaixa os juros, enfraquece a confiança”, comentou.

Já o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), está propondo que o governo federal deixe de recolher 30% da dívida interna dos Estados para que esses recursos sejam destinados a investimentos em infraestrutura para gerar empregos e movimentar a economia. “Isso vai fortalecer o desenvolvimento”.

Requião também defendeu a aceleração dos investimentos públicos, assim como a estatização do crédito e o controle do câmbio como medidas eficazes para combater a ameaça de recessão sobre a economia nacional. “O Brasil não pode tratar a crise consertando problemas espasmódicos. Não se trata cefaléia com “band-aid” nem pneumonia com aspirina”, disse.

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Os três governadores aprovaram as medidas anunciadas ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que incluem a criação de novas faixas do Imposto de Renda e a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), mas Serra e Requião concordaram que não são suficientes para dar segurança econômica ao país.

“O que vai acontecer no futuro vai depender das decisões que forem adotadas aqui. Não depende das iniciativas lá de fora”, afirmou Serra que, durante sua palestra, destacou o que chamou de “imprevisibilidade” do processo de falência do sistema econômico internacional.

O governador paulista disse que há pontos vulneráveis na economia brasileira, como o déficit de conta corrente do governo, que aumentou suas despesas. Mas afirmou que a crise permite ao governo converter pontos negativos em fatores favoráveis.

Entre as condições que auxiliam o País neste momento, o governador tucano apontou a existência das instituições financeiras nacionais como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil.

O governador de Santa Catarina disse que já levou sua proposta de retenção de 30% da dívida ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Com isso, os estados vão poder fazer um megaprograma de investimentos, numa ação combinada com o governo federal”, explicou.

Tucano disfarça aproximação com PMDB

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), negou ontem, que sua vinda a Curitiba para participar do seminário “Crise Rumos e Verdades” organizado pelo governador Roberto Requião, seja uma tentativa de atrair o PMDB do Paraná como aliado dos tucanos na sucessão presidencial de 2010.

Serra compareceu acompanhado do senador Alvaro Dias, fez uma palestra e ganhou aplausos puxados por Requião que, por sua vez, foi elogiado por Alvaro pela iniciativa de realizar o ciclo de debates que terminou ontem.

“Eu sempre gosto de vir ao Paraná. É um lugar em que me sinto em casa”, afirmou o governador tucano, que rivaliza internamente no PSDB com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a indicação para ser candidato a presidente da República.

Requião também desvinculou as articulações políticas da presença tucana no Seminário. “Significa apenas que eles vieram. Convidei todos os governadores e vieram o Luiz Henrique e o Serra. E o Alvaro, que tinha um compromisso e saiu antes”, disse o governador do Paraná, afirmando que, apesar dos eventuais conflitos, o PT ainda é seu aliado preferencial para 2010 na sucessão estadual. “O PT continua mais perto, apesar de o diretório ter pedido para votar contra a minirreforma. Mas foi um desequilíbrio pass,ageiro”, afirmou.

O senador Alvaro Dias, por sua vez, afirmou que se tratava de um evento suprapartidário. “É uma aproximação? Não, eu vim como anfitrião do Serra, acompanhá-lo. Ele me telefonou de São Paulo e eu fiz questão de estar presente. Mas acho que um evento como este é suprapartidário. Não devemos levar em consideração siglas nesta hora, quando é para discutir problemas tão sérios do Brasil”, comentou o senador, que é um dos nomes do PSDB para a disputa ao governo do Paraná em 2010.
Sozinho, não

Requião disse que nenhum partido ganha eleição sozinho. “Tudo tem que ser pensado, as forças tem que ser verificadas porque ninguém ganha eleição sozinho. Só o Requião ganha sozinho, os outros não”, brincou. Ele disse que preferia orientar a discussão sobre o candidato à sua sucessão não para nomes, mas para compromissos com o Estado.

“O cara que quer ser candidato tem que dizer o que quer com a Copel, Sanepar, estradas, pedágio, com salário dos professores. Quero saber o que pensam para o Paraná. Não quero saber do desejo de ninguém ser candidato. Candidato acerta lá na frente”, afirmou.

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