O candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, disse ontem em Londrina, que o PT é especializado em “guerra suja” durante as campanhas eleitorais. “Essa foi uma operação de guerra suja, uma baixaria. Nós nunca fizemos. Sempre que aparece alguma coisa desse tipo é do PT”, atacou Serra, ao comentar a denúncia de quebra do sigilo fiscal de sua filha, Verônica, na Receita Federal. Serra veio ao Paraná pela quarta vez desde que começou a campanha eleitoral deste ano.

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Na entrevista coletiva que concedeu no aeroporto de Londrina, o candidato tucano acusou o presidente Lula de confundir a função política com o cargo de presidente da República. Ontem, Lula declarou que Serra está explorando o episódio da denúncia para justificar seu fracasso eleitoral na disputa, ao se colocar como vítima de uma infração sobre a qual não apresentou provas. “Não tive acesso a todas as declarações. Mas foi cometido um crime contra a minha filha. E fiquei indignado como ficaria qualquer pai”, afirmou.

Ao invés de questionar a denúncia, Serra disse que Lula deveria apurar responsabilidades e punir os culpados. “Numa democracia, o presidente da República deve representar todos os brasileiros”, reagiu o candidato tucano. Para Serra, faz parte da lógica do PT acusar a vítima e proteger os agressores. “O que o PT sempre faz é culpar a vítima por agressões que ela sofreu. Esta é a lógica petista e a lógica da candidata deles. Quem denuncia a violação é criminoso. Quem faz a violação é apresentado como vítima de perseguição”, atacou.

Serra disse que continua aguardando respostas. “O governo e a Receita Federal devem explicações. A Receita é um órgão de estado que deveria ser independente e ter sua integridade reafirmada a cada dia. E não estar envolvido em violação de direitos do cidadão às vésperas da eleição”, declarou o candidato, que disse que não ficou surpreendido com as informações de que o contador Antonio Carlos Atella Ferreira, apontado como o autor do pedido de acesso aos dados fiscais de Verônica, tenha sido filiado ao PT. “É tradicional no PT. Toda a eleição, eles fazem coisas parecidas. Isso mostra como há envolvimento político na operação criminosa”, afirmou.

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Boca de Urna

Sobre os efeitos do caso na sua candidatura, Serra afirmou que não espera ter nenhum tipo de ganho eleitoral. “Eu não estou preocupado com a eleição neste caso. Quem tem que ganhar é o Brasil descobrindo quem foi. Porque se essa gente faz isso em campanha eleitoral, imaginem o que fariam se ganhassem a eleição. Por sorte estou com expectativa de ganhar e impedir que essa gente não chegue ao poder”, comentou. Serra minimizou os números das pesquisas de intenções de votos. A mais recente delas, realizada pelo instituto Datafolha e divulgada ontem, mostra a candidata adversária, Dilma Rousseff (PT), com 5O% das intenções de votos, contra 28% do tucano. “Eu não tenho comentado pesquisas. O importante é fazer o trabalho com as pessoas, que vão fazer a pesquisa de boca de urna”, desconversou o candidato.

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Devido ao atraso na chegada ao Paraná, Serra cancelou parte da agenda e de Londrina foi direto para Cornélio Procópio, onde visitou uma feira de produtos agropecuários. O candidato a presidente estava acompanhado do candidato ao governo, Beto Richa (PSDB), dos candidatos ao Senado, Gustavo Fruet (PSDB) e Ricardo Barros (PP).