O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse hoje que “nunca não esteve confiante” em sua participação no segundo turno. “Acho que vai haver segundo turno, mas não me guio por pesquisas”, afirmou ele, em Salvador. “Nessa época, em 2002, ninguém achava que eu ia para o segundo turno. Depois, achavam que eu ia ter 30% (dos votos), e eu tive quase 40%”, lembrou. “Na eleição para prefeito (de São Paulo) foi a mesma coisa, achavam que a Marta (Suplicy, do PT) ia ganhar no primeiro turno e, no segundo turno, que eu ia ganhar por pouco e ganhei por mais. Isso é normal.”

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Serra esteve na capital baiana para receber, na tarde de hoje, o título de cidadão soteropolitano, dado pela Câmara Municipal. No evento, o presidenciável disse que não estava ali para receber votos, mas para tentar “conquistar a confiança dos baianos” e, citando grandes nomes da literatura do Estado, aproveitou para criticar as constantes tentativas de cerceamento da liberdade de imprensa.

“Como não citar o grande poeta Gregório de Matos, que nenhuma censura conseguiu calar? Ele exerceu com lucidez e clareza sua crítica política, pagou o preço pela sua ousadia, mas deixou uma obra imortal”, afirmou. “Desconfio que se Gregório existisse ainda hoje, talvez algum dos censores que andam por aí tentasse calar.”

Depois da cerimônia, Serra seguiu para a Cúria Metropolitana, onde se reuniu com dom Geraldo Majella Agnelo, cardeal de Salvador e arcebispo-primaz do Brasil. No encontro, d. Agnelo entregou ao candidato uma cópia do documento Declaração Sobre o Momento Político Nacional, elaborado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para, segundo o texto, “ajudar os eleitores no discernimento de seu voto”. A declaração defende o voto em “pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”.

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“O documento expressa meu próprio pensamento”, afirmou Serra, que disse ser amigo de d. Agnelo desde a juventude. “Jesus Cristo é a verdade e a justiça. Isso corresponde à minha prática de vida, à minha prática política. Não sou um cristão de véspera de eleição, de boca-de-urna. Se a política brasileira tivesse verdade e justiça, o País seria muito melhor.”