O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), pré-candidato a presidente, acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer uso da máquina governamental com fins eleitoreiros. "A meu ver, ele (Lula) está excedendo-se na utilização da máquina pública para a campanha eleitoral e nem sempre emitindo os melhores conceitos", disse, após visitar as obras do Fura-fila.
Apesar da crítica, Serra reconheceu que o presidente ainda é um nome competitivo na corrida eleitoral. "O Lula é competitivo; não tenho dúvida", disse, sobre o fato de vários tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, terem reconhecido, nos últimos dias, que o presidente ainda é um nome forte, eleitoralmente.
Mesmo assim, o prefeito de São Paulo insistiu que Lula se excede no uso da máquina pública com o objetivo de fazer a campanha à reeleição. Ao exemplificar as afirmações, Serra disse que ele "faz uma pregação das excelências, das ignorâncias e do não-estudo", ao propor a não-realização de concurso público para a contratação de agentes sanitários.
"Não pode um presidente da República dizer que não quer fazer concurso porque no concurso passam as pessoas mais preparadas", emendou. O prefeito acrescentou: "Nós devemos é estimular a nossa população a estudar e não desestimulá-la dizendo: ‘Olha, não adianta estudar, pois não vamos fazer concurso para que aqueles que se prepararem melhor não ingressem no serviço público?.
Serra também acusou Lula de divulgar obras de saneamento financiadas com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) sugerindo que o governo federal faz publicidade de projetos custeados com recursos do órgão. "O FAT é um fundo e não é partidário. Ele está aí para emprestar. Agora, eles (o governo) estão apresentando-se como titulares disso", disse. No ataque, o prefeito comparou o presidente ao ex-prefeito da capital paulista Paulo Maluf (PP), que, segundo ele, tem o hábito de levar o crédito por obras que não foram, exclusivamente, feitas na gestão dele.
"Daqui a pouco, vai parecer o Maluf e dizer que fez as marginais, dizer que fez a Faria Lima", disse, em referência às marginais do Pinheiros e do Tietê e à Avenida Faria Lima, na zona sul da cidade. "Daqui a pouco (Lula), vai apresentar-se como o dono de tudo e, como o Fernando Henrique costuma dizer, vai dizer que descobriu o Brasil." Após a visita ao antigo Fura-Fila, obra iniciada no mandato do ex-prefeito Celso Pitta e que passou por várias paralisações ao longo dos últimos anos, Serra criticou a proposta original e ressaltou que as melhorias feitas pela atual administração beneficiarão um número maior de passageiros.
Baiano
Enquanto o prefeito José Serra fazia críticas a Lula em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) cumpria agenda em Recife, na condição de pré-candidato à Presidência da República. Alckmin procura reforçar seu nome no Nordeste. o governador paulista chegou até a dizer que "é baiano". Alckmin disse que não seria possível se eleger presidente sem o apoio do eleitorado nordestino. "É claro que não se elege. Eu sou baiano (risos). Minha família, quando chegou de Portugal, foi para a Bahia. Mas o importante é o Brasil crescer", justificou durante uma entrevista.
Alckmin também deixou claro que pretende dar atenção especial à região Nordeste. Dentre outros assuntos, ele declarou ser favorável à transposição das águas do Rio São Francisco e à recriação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Mas na hora de criticar o presidente Lula, não economizou adjetivos: "O governo Lula é frouxo na questão ética e inábil", disse Alckmin.
E sobre a questão interna no PSDB, apesar de o cenário apontar uma "disputa" com Serra sobre quem será o nome do PSDB para a sucessão presidencial, o governador elogiou o correligionário e garantiu que será o candidato do entendimento.
