O publicitário João Santana e a marqueteira Mônica Moura admitiram em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, nesta terça-feira (18), que a empresa do casal recebeu dinheiro de caixa 2 pelas campanhas eleitorais que fez para o PT em 2010 e 2014.
“Em todas as campanhas que fizemos sempre trabalhamos com caixa 2, com recursos não contabilizados”, falou, a Moro. A Pólis Propaganda e Marketing, empresa do casal, lista em seu site as duas campanhas de Dilma Rousseff para a presidência e a de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo.
Mônica Moura admitiu que ter recebido – apesar de “não se lembrar do valor exato” – o que segundo a planilha “Posição Programa Especial Italiano”, do “departamento de propinas” da Odebrecht, seria um pagamento de R$ 18 milhões por campanhas eleitorais em 2008 em São Paulo – onde Marta Suplicy (hoje no PMDB) era candidata pelo PT – e Curitiba – onde Gleisi Hoffmann perdeu a eleição para o atual governador Beto Richa (PSDB).
O nome da planilha faz referência ao ex-ministro Antonio Palocci, réu no processo em que Mônica e Santana depuseram hoje, e que trata de pagamentos da Odebrecht a campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores. O casal de marqueteiros também é réu na ação.
“Recebemos pagamentos da Odebrecht em muitas das campanhas. Não eram contabilizados. Contatos na empresa, em 2006, foi [o ex-presidente] Pedro Novis. Depois disso, em 2008, [foram os responsáveis pelo “departamento de propinas”] Hilberto Silva e Fernando Migliaccio”, disse Mônica.
“Não acredito que exista um marqueteiro que trabalhe no Brasil fazendo campanha só com caixa um. [O caixa dois] Era uma exigência dos partidos”, disse Mônica. Segundo ela, a Pólis recebeu pagamentos em dinheiro vivo e via depósitos no exterior, em uma conta na Suíça de uma offshore – a Shell Bill Finance – que pertence a Santana.
Além disso, a empresa fez campanhas no exterior — em El Salvador, República Dominicana e Venezuela.
O casal já negociava uma colaboração premiada, que foi homologada no começo do mês de abril.