O governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), deu ontem os primeiros passos para tentar encerrar a pior crise política de seus quatro anos e meio de gestão. Alvo de denúncias de opositores após se tornarem públicas suas relações pessoais com os empresários Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, e Eike Batista, do grupo EBX, o peemedebista despachou um ‘pacote de bondades’ na Assembleia Legislativa (Alerj).
Cabral ainda não falou sobre sua participação na festa de Cavendish, que seria realizada em um resort em Porto Seguro (BA), há duas semanas. Ele foi ao local em um jato emprestado por Eike. A Delta recebeu R$ 992,4 milhões em contratos com o governo no primeiro mandato de Cabral (2007-2010) – alta de 150% em relação a 2003-2006. Em 2011, dos R$ 241,8 milhões pagos a Delta, R$ 58,7 milhões vêm de contratos sem licitação. A EBX obteve R$ 79,2 milhões de benefícios fiscais.
O caso veio à tona com a queda de um helicóptero que servia aos familiares do governador e de Cavendish. O empresário perdeu a mulher, Jordana, e o enteado. Mariana Noleto, 19 anos, namorada de Marco Antonio Cabral, também morreu.
Com as galerias do Palácio Tiradentes, sede da Alerj, lotadas por funcionários públicos, os deputados aprovaram a antecipação do reajuste salarial de 5,58% aos servidores da segurança pública e da defesa civil e o uso de parte do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros para pagar gratificações à corporação. Emendas e destaques da oposição foram atropelados pelo rolo compressor de Cabral.
Presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani avalia que Cabral levou os primeiros “petelecos” de seu governo. “Estamos preparando nosso pessoal para defender o governador. Hoje (ontem), o governo vai mostrar sua força na Alerj e depois vamos demonstrar que não houve favorecimento a qualquer empresário.”
Com apoio do governador, a Alerj aprovou a anistia administrativa aos bombeiros que participaram de uma manifestação que culminou na invasão do Quartel Central da Corporação no dia 3 de junho. A proposta, aprovada pela unanimidade de 60 votos, beneficia os 439 bombeiros e policiais militares presos depois da invasão ao quartel. O texto será enviado à sanção do governador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.