O senador Osmar Dias afirmou ontem que a decisão do Diretório Nacional do PDT de apoiar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi apoiada pelos três senadores do partido e negou que tenha sido feito um convite do governo para que ele assumisse um ministério.
O apoio a Lula foi tirado numa reunião do diretório nacional do PDT no começo da noite de sexta-feira por ampla maioria, mas segundo a assessoria do partido, não houve exigência de cargos, sendo somente pedido ao presidente que assinasse uma carta de compromissos em áreas como educação e investimentos em infra-estrutura, a serem cumpridos durante o seu governo.
O senador teme que entrando na base de apoio ao governo, o partido venha a perder sua identidade. ?Era o único partido que podia se tornar independente. A decisão de integrar a base do governo recebeu o apoio dos deputados federais e da maior parte do diretório. O Jeferson Peres, o Cristóvam Buarque e eu não fomos favoráveis. Acreditamos que seria mais importante que continuássemos independentes?, declarou Osmar.
Segundo o senador, caso os rumores de que o governo venha a oferecer algum cargo ao PDT, o nome dele estaria entre os que possivelmente seriam sondados, já que é líder do partido no Senado. Porém, Osmar lembrou que há outras lideranças que poderiam ser convidadas, como o presidente da legenda, Carlos Lupi e o senador Cristóvam Buarque. Na semana passada cogitou-se que pudesse ser oferecido a Osmar o Ministério da Agricultura, caso o PDT passasse a integrar a base aliada do governo.
O senador afirmou que no final do ano passado houve uma reunião do partido com Lula, em que ele havia dito ao presidente que preferia a independência do partido, para que pudesse votar com o governo quando julgasse importante para o País e para poder votar contra quando julgasse que os projetos não trariam benefícios. Osmar defende a tese de que seria mais importante para o PDT continuar independente, porque assim o partido manteria a coerência de sua posição no segundo turno das eleições. ?Se o partido não decidiu apoiar Lula no segundo turno, não teria porque fazer isso agora?, disse.
Esta não é a primeira vez que a direção do partido contraria os interesses dos senadores. No ano passado, a posição dos senadores era contra o lançamento de candidatura própria à Presidência e a direção insistiu no assunto, que veio a ser um desastre político para o PDT.