No seu terceiro mandato no Palácio Iguaçu, o governador Roberto Requião (PMDB) não terá aliados incondicionais no Senado. Dos três senadores paranaenses, Alvaro Dias (PSDB) é seu inimigo declarado. Flávio Arns (PT), mesmo depois da aliança entre PMDB e PT na campanha eleitoral do segundo turno, não participou do esforço da reeleição do governador, e Osmar Dias (PDT), que era o interlocutor mais freqüente do governo no Senado, transformou-se num adversário pessoal, depois da eleição.
Arns disse que as relações da campanha não vão interferir, nem para melhorar ou piorar suas relações com o governo do Estado. Para o senador petista, a qualidade do diálogo entre o Congresso e o governo do Estado depende única e exclusivamente do governador. ?Essa relação independe do que tenha acontecido na campanha. O governador tem é que fazer um esforço para construir uma relação positiva com a bancada federal e os senadores. Ele dispõe de trinta líderes na Câmara e três no Senado. Tem que saber aproveitar isso em favor do Estado. Eu farei o que estiver ao meu alcance para ajudar ao Estado. Tenho certeza que o Alvaro e o Osmar pensam como eu. Acho que relações objetivas e de respeito são possíveis porque mesmo entre adversários, pode haver respeito?, afirmou.
O senador petista disse que as discordâncias eleitorais não podem prevalecer sobre interesses do Estado. ?Mas o governo tem que dialogar e valorizar essas relações. O Paraná está ficando para trás por falta de uma aproximação e entendimento?, comentou. Para Arns, o estado perde recursos e espaço no governo federal devido ao distanciamento entre seus representantes no Congresso e o governo do Estado.
Para o senador Alvaro Dias, ao contrário do que parece, as desavenças não interferem nos resultados para o Paraná. ?A relação é institucional. Pouco importa se o senador gosta do governador ou se o governador gosta do senador, quando se trata das questões públicas, isso não tem a menor importância?, afirmou.
Alvaro disse que a discussão levantada por Requião, durante a campanha eleitoral, quando se queixou de que não teve a ajuda dos senadores, foi puramente ?folclórica? . Para o senador, raramente aparece um projeto de interesse específico do estado do Paraná no Senado. ?O normal é a discussão de temas de interesse geral para o país. Além disso, o governador nunca nos solicitou e depois veio dizer que faltou apoio para acabar com o pedágio. Como se isso fosse uma função dos senadores. Ele disse isso porque dois senadores foram candidatos ao governo?, comentou.
Relações separadas
O senador Osmar Dias (PDT) considera que não se pode misturar as relações. ?Tem que separar o que é a campanha, o relacionamento pessoal e a responsabilidade institucional. Como senador, tenho o compromisso de defender o Paraná. Isso eu coloco acima dos problemas pessoais que, aliás, foram criados por ele (Requião). O que também não significa que voltemos a ter o mesmo relacionamento de antes da campanha?, declarou.
Osmar lembrou que, nos piores momentos da sua relação com Jaime Lerner nos dois mandatos do ex-governador, nunca as divergências pessoais interferiram no diálogo. Mas acusa Requião de não se empenhar para unir os interesses do Estado. ?Nunca houve uma reunião do governador com o senadores e nem com a bancada. Nunca teve discussão sobre orçamento ou emendas?, afirmou.