Os três senadores do Paraná se posicionam contrários à federalização do Porto de Paranaguá, ou mesmo à privatização, mas fazem críticas e ressalvas à administração do terminal paranaense. Com argumentos diferentes, os senadores Alvaro Dias (PSDB) e Osmar Dias (PDT), adversários políticos do governador Roberto Requião (PMDB), e o aliado Flávio Arns (PT) não aprovam a devolução do porto à União.
O senador Alvaro Dias disse que o Porto precisa de um "choque de comportamento administrativo" e que de nada adiantaria transferir o seu gerenciamento do Estado para a União, se não houver uma mudança de procedimentos na forma de gerência. "Se há um descalabro administrativo no Paraná, também há a mesma situação no governo federal. Há um duplo descalabro administrativo e não resolveria nada passar do estado para a União. O que o porto precisa é de uma gestão competente", afirmou. O senador tucano informou que, por pressão da liderança do governo no Senado, não foi aprovado o regime de urgência para o projeto de decreto legislativo, de autoria do deputado Ricardo Barros (PP), suspendendo a autorização do governo do Paraná para administrar o Porto. "Os governos federal e estadual são aliados desde sempre. O Requião é aliado do Lula e o governo federal não aceitaria esse constrangimento", disse Alvaro.
Já o senador Osmar Dias defende que o porto permaneça público, mas acha que deve ser gerido de forma a respeitar os direitos da iniciativa privada. Para o senador pedetista, é necessário fazer uma audiência pública para que todos os setores envolvidos possam apresentar seus argumentos. "Não estou vivendo o dia-a-dia do porto. Não posso fazer pré-julgamentos. Acho que se o governo concordasse em fazer ajustes à administração, e cumprisse a lei no que diz respeito aos transgênicos, não seria necessário votar esse decreto", afirmou Osmar, definindo como um "fato incontestável" a ocorrência de falhas gerenciais no porto. "Três relatórios apontam esses problemas: um da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), outro do TCU (Tribunal de Contas da União) e um terceiro da Ocepar e Faep (entidades ligadas à agricultura). Não podemos ignorar", disse.
O senador Flávio Arns (PT) considera "estapafúrdia" qualquer tese que envolva federalização ou privatização do porto. "Esse decreto é um absurdo. O Paraná e a população paranaense são competentes o suficietne para gerenciar o porto", afirmou o senador petista. Mas avalia que o governo deve fazer algumas correções na gestão do terminal: "O que está faltando é um canal de diálogo entre o governo e todos os setores da economia que tenham relação com o porto", afirmou.
Deputados aliados ao governo na Assembléia Legislativa reforçaram a posição do governador Roberto Requião (PMDB) contra a devolução do Porto de Paranaguá à União. Os deputados Cleiton Quielse (PMDB) e Artagão de Matos Leão Júnior (PMDB) vêem na tentativa de federalização uma forma de privatizar o porto para abri-lo à exportação de soja transgênica. "Esta é a coisa mais ridícula que inventaram com o objetivo único de atrapalhar a política do governador Roberto Requião. Tenho certeza de que a Assembléia Legislativa será unânime em apoiar uma moção de repúdio à matéria", declarou.
O deputado Artagão Júnior (PMDB) disse que o decreto legislativo apresentado por Barros é retaliação às posições assumidas por Requião.