O senador Roberto Requião (PMDB), que prometeu liderar uma ação coletiva contra o reajuste das taxas do Detran, disse, neste sábado, em Curitiba, que espera que o governador Beto Richa (PSDB) reveja a medida e retire o projeto da Assembleia Legislativa. “Se o governador usar seus neurônios, ele tira esse projeto da Assembleia”, disse Requião.
O senador disse que esperará a aprovação do projeto pela Assembleia para depois articular a ação. “Primeiro nós temos que ver como se comporta a Assembleia Legislativa. É totalmente inconstitucional, um absurdo e, se passar pela Assembleia, a Justiça vai derrubar. Mas realmente espero que a Assembleia vote contra essa maracutaia”, disse.
Requião disse que o governo está querendo criar um novo imposto. “Uma taxa como a do Detran, uma tarifa, se destina única e exclusivamente para financiar um serviço que é prestado à população. Evidentemente que não pode se transformar num imposto para financiar a segurança pública, ou a saúde, ou qualquer outra coisa. Eles estão criando, de uma forma completamente inconstitucional, um novo imposto”.
Requião disse que a proposta do atual governo é bem diferente do que ele propôs em 2007, e teve que voltar atrás por manifestações contrárias da oposição. “Quando governador eu propus mudança, mas era diferente. Aumentava as taxas para os carros de luxo, baixava as dos populares e zerava os da motocicletas de baixo custo. Mas quando enviei para a Assembleia, percebi que os técnicos do Detran haviam inventado uns aumentos de contrabando, então, retirei tudo”, disse. “E, mesmo assim, o Detran do Paraná me financiou R$ 750 milhões em obras nas estradas. Não foi o caso que acontece hoje. Lá, sobrou, e eu usei, com tarifas congeladas, agora, querem aumentar as taxas para gerar receita para outras áreas”, disse.
Pedágio
Requião também criticou a recente negociação do governo com a concessionária Ecocataratas, que permitiu o anúncio da duplicação de 14 km da BR-277, no Oeste do Estado. “Anunciaram a duplicação de 14 km, a concessionária já recebeu dinheiro para duplicar essa estrada inteira. E vi o governador anunciar que esse investimento será cobrado na tarifa do pedágio posteriormente. Eles não podem cobrar pelo que já receberam. Então, vejo um crime, uma negociata”.
Ele também disse que deverá votar contra o pedido de empréstimo do governo do Paraná ao Banco Interamericano do Desenvolvimento, por desconhecer o destino dos recursos. “Ninguém sabe para onde vai esse dinheiro. Se fosse para construir 10 hospitais regionais, teria meu apoio, mas para aumentar os salários dos comissionados, um empréstimo guarda-chuva, para um governo sem projetos, não”, disse.
Congresso
O senador disse estar decepcionado com o pouco progresso do Congresso Nacional neste ano. “Vejo o Senado atrelado ao governo. Discute muito pouco, vota fechado, as vezes erradamente, a discussão não se estabelece, é um domínio do governo. Não gosto disso”, declarou. “É o negócio das emendas e das nomeações, esse fisiologismo horrível que causa a desqualificação política”, concluiu, dizendo ser “verdade absoluta” a declaração de alguns parlamentares de que as emendas que tinham aprovadas no Orçamento do Estado durante o governo Requião não eram atendidas. “No meu governo, não aceitei o jogo das emendas, meu governo trabalhou com programas e por isso tive críticas dos deputados, porque não entrei nesse jogo”.
Convidado a fazer um balanço do governo Beto Richa, o senador disse não ter elementos para fazer a análise. “Não posso avaliar o governo Richa. Para fazer uma análise, tenho que ter uma amostra e não tenho amostra de nada”, provocou, dizendo ter deixado uma herança magnífica para seu sucessor: “um estado superavitário, muito bem organizado, com o planejamento restituído no governo do Paraná”.